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Canadenses produzem 50% do ouro no Brasil

🏭 Gigantes de aço | 🎰 Lobby das bets

Alexandre Versignassi

Ouça a versão em áudio:

Por que o ouro sobe 50% em 12 meses – e as canadenses que dominam a produção no Brasil

Logo que os primeiros mísseis israelenses choveram em Teerã, o ouro começou a subir – cumprindo o papel clássico dele, de ativo do apocalipse. Mas a alta não é de hoje. Nos últimos 12 meses, ele subiu 50% em dólar. Nos últimos 10 anos, 190%: de US$ 38 o grama para US$ 110. Cortesia dos bancos centrais. Desconfiados da sustentabilidade do dólar, eles passaram a comprar mais ouro. A mineração brasileira agradece. 

  • O Brasil já foi responsável pela metade da produção global de ouro, lá no século 18. Hoje, só 2% sai daqui. Mas o país segue relevante: em 2024, o Brasil foi o 13º maior produtor do mundo, com 70 toneladas.

  • Metade disso, vale notar, é obra das mineradoras canadenses que operam por aqui, tipo a Equinox e a Kinross – que opera a nossa maior mina, em Paracatu (MG). Ela responde, sozinha, por um quarto da produção brasileira.

Por que o Canadá? Porque a bolsa de Toronto é o paraíso das mineradoras de menor porte – caso das que são especializadas em ouro. Com acesso ao capital farto e barato lá de fora, elas ampliaram as operações para o continente americano todo, e encontraram um terreno fértil no Brasil. 

Hoje vamos falar sobre:

🚁 Voo marcado para 2027

🏭 Gigantes de aço

🏷️ Descontão na Americanas

🎰 Lobby das bets

HIGHLIGHTS

🥩 Minerva vende planta no Uruguai

Em 2023, a Minerva assinou um acordo com a Marfrig para adquirir três frigoríficos no Uruguai: San José, Salto e Colonia. Mas o órgão antitruste uruguaio barrou a operação, alegando concentração de mercado. Aí a Minerva topou vender a planta de Colonia para ficar com as outras duas. E assim fez: na sexta, a empresa anunciou a venda da unidade para a indiana Allana, por US$ 48 milhões.

⛏️ BTG quer 50% da Itaminas

O BTG Pactual quer comprar a participação de 50% de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, na mineradora Itaminas. Mas antes terá que negociar com os outros dois sócios: com 25% do negócio cada, os grupos AVG e Agéo têm preferência para comprar a fatia de Vorcaro se ele decidir vender.

🚁 Voo marcado para 2027

A Eve, subsidiária da Embraer, fechou um contrato de R$ 1,39 bilhão para vender até 50 eVTOLs para a Revo, empresa brasileira que oferece voos de helicóptero por aplicativo. eVTOL é a sigla em inglês para "veículos elétricos de pouso e decolagem vertical" – na prática, uma mistura de drone gigante com helicóptero. Segundo a Eve, as primeiras entregas para a Revo estão previstas para o fim de 2027.

UMA IMAGEM

Depois de um ano e meio de negociações com o governo dos EUA, a japonesa Nippon Steel conseguiu: o presidente Donald Trump aprovou a compra da siderúrgica U.S. Steel por US$ 14,1 bilhões. Mas com muitas ressalvas. Além do preço da aquisição, a Nippon terá que investir mais US$ 14 bilhões na americana nos próximos anos. E o governo dos EUA terá uma voz especial nos negócios do grupo, com poder de veto em decisões estratégicas. A fusão cria a 2ª maior siderúrgica do mundo – atrás apenas da chinesa Baosteel. Na foto: uma fábrica da U.S. Steel na Pensilvânia (Bloomberg)

Como as stablecoins podem desestabilizar o sistema financeiro global

Stablecoins são criptomoedas que não mudam de preço: mantêm uma cotação fixa de US$ 1, porque têm um lastro na forma de moeda americana. Em breve, o Senado dos EUA deve aprovar uma lei que regula as empresas que emitem essas criptos. Amparadas pela legislação americana, elas tendem a ganhar ainda mais espaço no mercado financeiro tradicional. Mas tem um problema: caso elas se tornem populares demais, o sistema bancário pode ficar mais frágil

  • Hoje, pequenos investidores mantêm dinheiro em contas bancárias convencionais, quase sempre abaixo de US$ 250 mil. Num mundo em que as stablecoins ganham mais relevância, parte desse dinheiro migra para as empresas emissoras – hoje, a maior delas é a americana Circle, emissora do USDC. Essas companhias, por sua vez, usam contas bancárias tradicionais para guardar as reservas bilionárias que dão lastro às stables.

  • Ou seja: na prática, o dinheiro continua no sistema bancário. Mas a natureza dos depósitos muda – poucas empresas passam a concentrar uma bolada que, antes, estava pulverizada entre pequenos investidores. Essa concentração torna o sistema mais instável. Afinal, um único emissor pode decidir, do dia para a noite, sacar grana de uma vez só. Já aconteceu antes. 

UM NÚMERO

R$ 500 milhões

Foi o desconto que a Americanas conseguiu numa dívida de R$ 865 milhões com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A conta final caiu para R$ 365 milhões, 58% abaixo do valor original.

  • Faz parte do plano de reestruturação da companhia, em recuperação judicial desde 2023, com uma dívida de R$ 42,5 bilhões.

VALE PARAR PARA LER

🎰 Lobby das bets

Na semana passada, o governo publicou uma medida provisória que aumenta vários impostos, você sabe. Agora, precisa do apoio do Congresso para transformá-la em lei definitiva. Mas faltou combinar com as bets, que têm se mobilizado para barrar a medida que eleva de 12% para 18% o imposto sobre apostas online. Segundo a Bloomberg, esse virou o maior obstáculo do governo para aprovar o pacote.

🛩️ Apertem os cintos, o jatinho sumiu

Desde que assumiu a concessão de Congonhas, em 2023, a Aena restringiu o movimento de jatinhos particulares por ali: reduziu o número de pousos e decolagens por dia e proibiu o uso da pista principal, restrita às aeronaves grandes. Desde então, outros aeroportos da região começaram a atrair o fluxo de voos executivos – tipo o Catarina, em São Roque, e o Campo de Marte, na zona norte de SP.

É isso. Boa segunda-feira!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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