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Inflação e crescimento baixo: por que a guerra comercial de Trump pode ser um problema para o Brasil

⚖️ O efeito dominó da guerra comercial
🌬️ A crise nas usinas eólicas
🔨 Data centers: um deserto de empregos
Inflação e crescimento baixo: como a guerra comercial de Trump respinga no Brasil

Ilustração: João Brito
A reação do mercado financeiro à guerra comercial finalmente deflagrada por Trump mostra que a euforia de outrora com a eleição do republicano se foi.
As bolsas americanas mostraram bem. O S&P 500, principal índice de lá, tombou 1,8% na segunda (03) mais 1,2% na terça (04).
Enquanto isso, a B3 pulava nos bloquinhos de Carnaval. Mas as ações das empresas ali dentro, não. Lá fora, o EWZ, ETF que segue as ações brasileiras negociadas nos EUA, caiu 0,87% na terça.
Fato é que as tarifas americanas contra China, Canadá e México deprimem a economia global, ao mesmo tempo em que empurram os preços para cima no mundo todo. Uma “estagflação” planetária.
Num primeiro momento, porém, o agronegócio brasileiro pode se beneficiar.
Em retaliação a Trump, a China taxou adicionalmente vários produtos vindos dos EUA, e que o Brasil exporta, como soja, milho e frango. Então, essa pode ser uma oportunidade do Brasil vender ainda mais para a China. Já aconteceu antes.
Entenda nesta análise de Lucinda Pinto.
Vento contra: o que está dando errado para a energia eólica no Brasil

Foto: Getty Images/Jefferson Albuquerque
Até 2023, o mercado de energia eólica brasileiro vivia numa brisa, com 123 novas usinas e um potencial óbvio de crescimento, considerando que 55% da população vive a até 150 km do litoral, onde sopra mais vento.
Mas o cenário mudou.
A GE fechou sua fábrica de pás de turbina em Pernambuco neste ano. A brasileira Aeris, que atua no mesmo ramo, empilha prejuízo atrás de prejuízo e já demitiu mais de cinco mil funcionários nos últimos meses – só em fevereiro, foram 700. E a americana AES abandonou o Brasil em 2024 depois de ter apostado todas suas fichas nos nossos ventos.
Em 2024, a instalação de novas usinas eólicas no Brasil caiu 31,25%.
As geradoras sofrem com a concorrência da geração solar distribuída. São os painéis em casas, empresas e fazendas. Os proprietários alimentam o sistema nacional em troca de descontos na conta de luz. Essa geração já responde por 36 GW de potência instalada. O equivalente a quatro Itaipus, e mais do que os 33 GW que a energia eólica produz.
O fato é que hoje as usinas eólicas mandam para o sistema menos energia do que podem, por falta de demanda. Só em 2024, isso teria gerado para elas um prejuízo de R$ 1,6 bilhão.
Veja mais nesta reportagem de Greg Prudenciano.
O boom dos data centers gera mais empregos?

Foto: Getty Images/Chung Sung-Jun
Líderes políticos americanos vêm celebrando o potencial do boom dos data centers de gerar milhares de empregos. Mas os números mostram que a realidade não é bem assim:
Em Abilene (Texas), 1.500 operários estão construindo um dos 20 data centers prometidos pelo Projeto Stargate.
Mas a festa acaba na inauguração: a operação de fato só vai exigir 100 vagas de trabalho.
Se nesse mesmo espaço fosse construída uma fábrica de queijos, seriam gerados 500 empregos quando a operação abrisse as portas.
Se você pensar bem, até que faz sentido. Afinal, a tecnologia é feita para funcionar da forma mais autônoma possível. Os computadores só precisam de alguns analistas de dados, engenheiros de software e hardware e guardas de segurança — sem contar as visitas eventuais de eletricistas ou encanadores.
Mesmo assim, quando anunciou o projeto, o presidente americano Donald Trump afirmou que mais de 100 mil empregos seriam criados “quase imediatamente”.
Não é para tanto. Mas, considerando que a construção de um data center pode levar até dez anos, os trabalhos da obra em si não podem ser deixados de lado, como se fossem de curto prazo.
Veja mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
Edição: Ana Carolina Moreno