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Maus agouros para o minério de ferro
E mais: 💼 Menos chefes, mais eficiência | 🤝 Um bico para os amigos de Musk
Alexandre Versignassi
Minério de ferro se segura perto de US$ 100 em meio à guerra comercial — mas até quando?
O minério de ferro flutua em torno de US$ 100 a tonelada por conta de um jogo comercial: estoques recordes na China fazem com que as mineradoras dosem a oferta para segurar o preço. Mas esse equilíbrio não é de ferro: as tarifas de Trump pesam contra a demanda chinesa e uma “nova Carajás”, na Guiné, promete mais pressão a partir de 2026.
Os estoques portuários na China chegaram a 142 milhões de toneladas, maior marca desde 2023. Se ultrapassarem 150 Mt, já será um sinal de demanda machucada, e o preço tende a afundar.
Nesse cenário de estoques altos, a Vale viu seu lucro cair 17% no 1T25, ante o 1T24. 60% das exportações da mineradora vão para a China.
E mesmo com a previsão negativa para a demanda, a oferta global tende a crescer. A mina de Simandou, que fica na Guiné e é operada pela australiana Rio Tinto, estreia em 2026 com potencial de 120 Mt/ano — dois terços de Carajás, a maior mina da Vale.
Hoje vamos falar sobre:
💼 Menos chefes, mais eficiência
🤝 Um bico para os amigos de Musk
👚 A taxa das blusinhas dos EUA
⚓ O novo terminal do Porto de Santos
HIGHLIGHTS
🖥️ Armazém de dados da ByteDance
A empresa-mãe do TikTok estuda construir data centers em Pecém, no Ceará. O Brasil tem tentado atrair projetos do tipo, que podem movimentar US$ 10 bilhões no país na próxima década – e, de quebra, dar um destino à energia renovável excedente por aqui.
🚧 As curvas da estrada
Na quarta-feira, vai rolar o leilão de concessão da BR-040, entre Juiz de Fora e Rio de Janeiro. Três grupos devem disputar: EPR, Sacyr e OHLA/Construcap. O projeto envolve R$ 5 bilhões em obras e a construção da nova subida da Serra de Petrópolis, parada desde 2016.
🗣️ Alta tensão na Eletrobras
Marcelo Gasparino, conselheiro da Eletrobras, não foi indicado à reeleição. E não levou na esportiva: há um mês, tem feito posts em série com bastidores da companhia e críticas a colegas. Neste domingo, recebeu sua terceira advertência da Eletrobras – que elege seu novo conselho na terça (30).
UMA IMAGEM

Este Boeing 737 MAX 8 era destinado à Xiamen Airlines, e voltou recentemente da China, onde seria pintado com as cores da companhia aérea. O retorno de aeronaves recém-entregues acontece após o governo chinês suspender as vendas de aviões fabricados nos EUA, em retaliação ao tarifaço. Foto: Bloomberg
O MELHOR DO INVESTNEWS
Mais big techs querem menos gerentes, em nome da agilidade
Cortar camadas de chefia virou a aposta dos CEOs para reduzir a burocracia interna e acelerar os processos. Microsoft, Amazon e Intel estão passando a foice em gerências, ampliando o número de funcionários que se reportam diretamente às lideranças mais altas.
A Microsoft quer dobrar a razão de engenheiros por gerente, de 5,5 para 10.
A Amazon tinha 13 analistas por gestor em 2023 (data dos números mais recentes). A meta é aumentar esse número em 15%, excluindo gerências médias.
A Intel, de acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, fará um corte agressivo: 20% do quadro de funcionários. Parte do plano é reduzir camadas de gestão.
🔹 Leia mais aqui.

Um bico para os amigos de Musk: vender acesso a participações na SpaceX
Elon Musk mantém a SpaceX e outras empresas longe da bolsa enquanto aliados lucram vendendo acesso indireto às ações dessas companhias – já que os papéis delas não estão disponíveis ao público geral.
Antonio Gracias, um tubarão do private equity, e outros aliados de Musk criaram um mercado de venda de ações da SpaceX, da xAI e de outras empresas fechadas de Elon, como a Boring Company. Você coloca dinheiro em fundos deles e vira acionista indireto.
Com os aportes, o valor da joia dessa coroa, a SpaceX, saltou de US$ 12 bilhões para US$ 350 bilhões. Mesmo com essa valorização, a empresa segue fora da bolsa. Isso evita exigências públicas de transparência financeira.
Ao vender acesso privilegiado a esse universo dessas empresas fechadas e cobiçadas, os fundos dos amigos de Elon faturam milhões em taxas.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal (em português).
UM NÚMERO
51%
foi o aumento médio dos preços de produtos da categoria 'beleza e saúde' na Shein dos EUA na semana passada.
Plataformas chinesas como Shein e Temu amargam tarifas de 120% após a criação da "taxa das blusinhas" americana, que deixou de isentar pequenas encomendas da China.
A partir de 2 de maio, cada pacote terá uma cobrança adicional de US$ 100, independentemente do valor, com novos aumentos previstos para 1º de junho.
UMA FRASE
“Não podemos permitir que eles façam 1 trilhão de dólares em cima de nós”
UM GRÁFICO

A China se tornou a maior exportadora global de carros de passeio no ano passado, superando o Japão. No início da década, ela era apenas a 9ª colocada. Tudo isso praticamente sem o mercado americano – em 2024, só 1,8% das exportações de carros chineses tiveram os EUA como destino.
Motivo: os carros elétricos chineses já eram taxados em 25% desde 2018, no primeiro governo Trump. Em 2024, sob Biden, a tarifa subiu para proibitivos 100%, basicamente fechando as portas dos EUA para os EVs de BYD, GWM e cia.
VALE PARAR PARA LER
🚢 Ô marinheiro, marinheiro
O projeto do novo terminal no Porto de Santos, o Tecon 10, é ambicioso: terá capacidade para 3,5 milhões de contêineres por ano, aumentando o fluxo de cargas do porto em até 50%. Antes mesmo do leilão, a disputa pelo controle da área já está aquecida.
🧠 Guerra dos chips
Já foram as especiarias, já foi o petróleo, hoje são os chips. Para a gestora Kinea, o mercado de semicondutores definirá a geopolítica global nos próximos 20 a 50 anos. A China tem se esforçado para liderar a nova era: deve dominar em três anos a produção de chips de mais de 14 nanômetros (menos sofisticados, mas onipresentes) – o que ameaça gigantes como a Samsung.
OFF WORK
⛪ Clima de Copa do Mundo
Hora de vestir o colete de especialista em sucessão papal. TikTokers fazem campanha para seus cardeais favoritos, bolões de escritório começam a pipocar e sites de aposta já dão odds aos “papáveis”. É o que mostra esta reportagem do WSJ, sobre a febre inspirada pelo filme Conclave.
É isso. Até amanhã!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito