A deflação dos diamantes

🚧 A reta final das debêntures incentivadas | 🍔 O que o Índice Big Mac diz sobre o real

Alexandre Versignassi

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A deflação dos diamantes

Na natureza, os diamantes nascem há uns 200 km abaixo do solo, no manto terrestre. Ali, a temperatura e a pressão são tão altas que os átomos de carbono agarram um no outro, formando uma estrutura super-hiper-densa. A humanidade só conhece os diamantes porque, vez ou outra, um vulcão entra em erupção e vomita parte do que existe lá embaixo. Isso não acontece todo dia – as rochas que mineramos hoje se formaram há pelo menos 50 milhões de anos. 

  • Mas a ciência já aprendeu a replicar esse fenômeno em laboratório. Hoje, conseguimos produzir diamantes com a mesma estrutura daqueles lá de baixo da terra, a um custo baixo – e mais de uma vez por era geológica… 

  • Mais de 20% das joias vendidas hoje já usam diamantes feitos em laboratório – em 2016, eram menos de 1%. O Walmart, que é o 2º maior varejista de joias dos EUA, vendeu seu primeiro diamante sintético em 2022. Agora, essas pedras já formam metade da oferta ali.

Isso tem bagunçado o mercado de diamantes, já que o grande atrativo da pedra é justamente a raridade. Desde 2016, o preço de um diamante de 1 quilate feito em laboratório despencou 86%, para cerca de US$ 750. Para os diamantes naturais, a queda foi de 40%, a US$ 4 mil.

Hoje vamos falar sobre:

⚔️ O racha no board do GPA

🚧 A reta final das debêntures incentivadas

🍔 O que o Índice Big Mac diz sobre o real

💊 Não há um só remédio em toda a medicina?

HIGHLIGHTS

⚔️ O racha no board do GPA

A família Coelho Diniz, dona do supermercado mineiro com o mesmo nome, já tem quase 18% das ações do GPA. E quer mais: o objetivo é aumentar a fatia para ganhar espaço no conselho e forçar uma nova eleição do board. Hoje, o conselho está rachado – de um lado, os Coelho Diniz e aliados; do outro, o chairman Ronaldo Iabrudi e representantes do grupo francês Casino.

⛽️ Petrobras de volta à distribuição?

A Petrobras estuda voltar a ter uma rede própria de postos de combustíveis, quatro anos após ter deixado o setor com a privatização da BR Distribuidora, atual Vibra Energia. A possibilidade será discutida pelo conselho de administração da estatal nesta semana, como parte da revisão do plano estratégico 2026-2030.

🛢️ Vibra quer Moove

Falando nela… a Vibra quer comprar 100% da Moove, gigante de lubrificantes dona da marca Mobil no Brasil. A CVC, dona de 30% da empresa, já tenta vender sua fatia desde 2024. Mas a Cosan é dona dos outros 70%. E, por lá, o empresário Rubens Ometto tem sinalizado que não pretende vender, segundo o Brazil Journal.

O MELHOR DO INVESTNEWS

A reta final das debêntures incentivadas

Debêntures incentivadas são títulos de dívida que as empresas emitem para financiar projetos de infraestrutura – tipo estradas, portos, saneamento. O incentivo, no caso, é tributário: os rendimentos não pagam imposto de renda.

  • Mas o governo quer acabar com essa isenção em 2026. Se o projeto passar no Congresso, os ganhos vão ser taxados em 5%. Na prática, isso vai encarecer o custo de captação das empresas – por isso, elas estão acelerando as emissões para aproveitar o benefício enquanto ele ainda existe.

  • Muitas delas, aliás, têm pagado bem – IPCA+7%, um abuso para um ativo sem IR. É o caso, por exemplo, de um título da Taesa vencendo em setembro de 2044, e outro da Cemig com prazo até março de 2040.

UM NÚMERO

US$ 300 milhões

É quanto a Uber vai investir na Lucid, fabricante de veículos elétricos. 

  • O plano: lançar táxis-robôs da marca já no ano que vem – e chegar a mais de 20 mil veículos em 6 anos.

Enquanto isso, a Tesla também testa seus próprios táxis autônomos no Texas.

UMA FRASE

“A gente vai julgar e cobrar imposto das empresas americanas digitais.”

O presidente Lula, em discurso à União Nacional dos Estudantes. No governo, a percepção é de que o tarifaço de 50% que Trump impôs ao Brasil está diretamente relacionado às big techs. No centro do conflito: em janeiro, o STF decidiu que as plataformas digitais devem monitorar e remover conteúdos criminosos ou discriminatórios.

UM GRÁFICO

Desde 1986, a revista britânica The Economist calcula seu Índice Big Mac. É uma forma lúdica de ilustrar um conceito da economia: a Paridade de Poder de Compra (PPP). Ela existe para mostrar se o “poder de compra” de uma moeda está abaixo ou acima do razoável na comparação com outra – geralmente o dólar.

  • O que o pessoal da Economist faz é pesquisar o preço do Big Mac em vários países, converter para dólar e comparar com o preço nos EUA.

  • Na versão de 2025, publicada nesta semana, o Brasil ficou assim: um Big Mac custa R$ 23,90 aqui e US$ 6 nos Estados Unidos. Para o lanche custar a mesma coisa nos dois países, o dólar deveria valer R$ 3,98 no Brasil.

  • Mas a cotação está em R$ 5,55. Ou seja: pela métrica do Big Mac, o dólar está 29% mais caro do que seu “preço justo”. 

VALE PARAR PARA LER

🍒 Uma forte geada veio e acabou com o trabalho de um ano inteiro

Fez 50 anos ontem um fenômeno que mudou o mapa do café no Brasil. O Paraná era o maior produtor do país, até que uma geada derrubou as temperaturas para -9º C e arrasou as lavouras. A tragédia acelerou o êxodo rural no Estado, que chegaria a 2,5 milhões de pessoas na década de 1970. Hoje, o Paraná responde por apenas 1% da produção nacional. E Minas Gerais lidera, com 50%.

OFF WORK

💊 “ChatGPT, não há um só remédio em toda a medicina?”

Um estudante de medicina de 25 anos foi diagnosticado com uma doença rara e fatal. Não existia remédio contra ela – até que ele mesmo descobriu um, depois de estudar os próprios exames. 

  • Esse estudante, David Fajgenbaum, concluiu que um medicamento comum, chamado Sirolimo, seria a cura. Estava certo.   

  • Agora, ele fundou uma ONG, a Every Cure, que usa IA com o objetivo de identificar usos novos para remédios que já existem.  

É isso. Boa sexta-feira e bom fim de semana!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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