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Os novos Diniz do Pão de Açúcar
🗺️ O mapa das tarifas | 🏭 Irmãos Batista na Usiminas
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Os novos Diniz do Pão de Açúcar: o desafio do grupo que avança para controlar o GPA
Uma nova família Diniz está ganhando espaço no GPA, dono do Pão de Açúcar e do Extra – mas essa não tem nenhuma ligação com os fundadores. São os Coelho Diniz, donos de um grupo de supermercados de mesmo nome que opera dezenas de lojas na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Eles foram ampliando aos poucos a participação na varejista. Até que em julho, eles já detinham 18% da companhia – se aproximando da fatia de 22,5% do Casino, o grupo francês.
A aposta do mercado agora é que os mineiros vão avançar para uma fatia maior do GPA e assumir o controle da rede
Mas isso só seria possível, em tese, com uma forcinha de crédito bancário. E aí que está o desafio.
Pessoas próximas ao conselho do GPA disseram ao InvestNews que a família Coelho Diniz ainda é pouco conhecida pelos bancos mainstream, o que pode dificultar o processo.
Leia mais nesta reportagem de Raquel Brandão.
Hoje vamos falar sobre:
⛏️ Vale: a crise das pelotas
🏭 Irmãos Batista na Usiminas
📊 Países em desenvolvimento já não crescem como antes
🗺️ O mapa das tarifas
HIGHLIGHTS
⛏️ Vale: a crise das pelotas
O lucro da Vale desabou 24% no 2º trimestre, em termos anuais, fechando em US$ 2,1 bilhões. Culpa da crise crônica na construção civil da China. A produção de minério de ferro até aumentou, mas os preços caíram 13%. O maior buraco foi nas pelotas, a versão do minério mais rica em ferro, e mais cara. O lucro com elas ruiu 34%, com queda de 15% no preço e de 12% na produção.
🍺 Vendas da Ambev encolhem no Brasil
A Ambev divulgou um lucro de R$ 2,8 bilhões no 2º trimestre, alta anual de 15%. Legal. Mas o número que realmente chamou a atenção dos investidores foi outro: queda de quase 9% na venda de cervejas no Brasil. A empresa culpou o inverno mais rigoroso, que teria afastado os consumidores. Mas o buraco é mais embaixo: a concorrência com a Heineken apertou e a Ambev perdeu uma fatia do mercado.
💼 Aceita ticket?
O Cade vai investigar Alelo, Pluxee e Ticket – que dominam o mercado de vale-refeição. A denúncia, feita pelas rivais Swile e Flash, é de que as três estariam oferecendo descontões a empresas clientes para sufocar a concorrência. A Alelo lidera o setor de benefícios, com uma fatia de 30% do mercado – e está na mira do iFood, que negocia comprá-la.
UMA IMAGEM

Ontem, a CSN vendeu uma fatia de R$ 263 milhões da Usiminas, reduzindo sua participação de 12,91% para 7,92% no capital da siderúrgica. A compradora foi a Globe Investimentos, da família Batista.
Desde 2014, o Cade exige que a CSN reduza sua fatia na rival para menos de 5%, por risco à livre-concorrência. A decisão nunca foi totalmente cumprida – e agora a Justiça pressiona o Cade a agir com mais firmeza.
Para Benjamin Steinbruch, controlador da CSN, a venda de ontem ajuda a aliviar a pressão regulatória – o que permite cumprir a exigência do Cade com mais tranquilidade.
Na foto: o trabalho em uma siderúrgica (Getty).

Países em desenvolvimento já não crescem como antes

Lembra daquela capa da Economist, em 2009, com o Cristo Redentor decolando como um foguete? Ela capturava bem o clima da época: com a ajuda do boom das commodities, o Brasil parecia pronto para se tornar um país desenvolvido. A expectativa era de um estirão no PIB – como o da Coreia do Sul nos anos 1960 ou o da China, nos anos 2000. Mas, você sabe, não rolou.
Não é um caso isolado. Nos anos 1990, Indonésia, Malásia e outros países em desenvolvimento eram considerados milagres econômicos. O PIB crescia, e a desigualdade diminuía pela primeira vez na história. Mas esse ritmo desacelerou nos últimos anos.
Tem a ver com o alto endividamento público, a corrupção e os efeitos da pandemia. Mas também com o fator China: como ela se tornou uma superpotência industrial, ficou mais difícil para outros países competirem com os preços chineses. Por isso, a indústria local perdeu fôlego.
Agora, vem mais um elemento complicador: as tarifas de Trump. Mesmo em sua versão menos exagerada, elas pesam, e agora ameaçam pôr fim a toda uma era de livre comércio. Uma era que abriu oportunidades reais para os países subdesenvolvidos – e ajudou a tirar milhões de pessoas da pobreza.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
64,1%
Essa é a fatia das exportações brasileiras que ficou de fora da tarifa máxima de Donald Trump, a de 50%. O cálculo é em termos de valor, com base nos números de 2024, e foi divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento (MDIC). Tem mais.
Quase metade (44,6%) do que exportamos para os EUA acabou na atual tarifa mínima dos EUA, de 10%. Outra parcela, de 19,5%, ficou num meio termo: nem no piso tarifário, nem no teto.
UM GRÁFICO

No Brasil, o suspense pelo dia 1º de agosto morreu de véspera. Dois dias antes, afinal, ficou resolvido que o tarifaço chegaria na versão desidratada que a gente viu aqui, e no dia 6. Mas, para o resto do mundo, chegou a hora.
A partir de hoje, as tarifas de Trump começam a valer em sua versão eterna – enquanto dure. Entre os países com os quais houve acordo bilateral, a tarifa mais baixa ficou com o Reino Unido: só 10%. A mais alta, com o Vietnã: 20%.
Outros três países – Camboja, Paquistão e Tailândia – também fecharam acordos, mas a alíquota não tinha sido divulgada até a noite de ontem.
VALE PARAR PARA LER
🛢️ Cadê o petróleo venezuelano?
Há uma semana, o governo americano autorizou a Chevron a retomar a produção de petróleo na Venezuela. A expectativa era que os barris começassem a chegar quase de imediato às refinarias americanas. Mas isso não aconteceu: a estatal PDVSA ainda não autorizou nenhum embarque para os EUA. Má notícia para as refinarias, que contavam com a nova oferta para aliviar o preço do barril.
OFF WORK
🕯️ Children of the grave
Um dia Ozzy Osbourne e mais três amigos pensaram assim: se as pessoas pagam pra ver filme de terror, talvez paguem pra ouvir música assustadora. Assim nasceu o Black Sabbath, em 1968. E, com ele, o heavy metal. Ozzy faleceu na semana passada. O cortejo fúnebre aconteceu nesta quarta, em Birmingham, sua cidade natal.
É isso. Boa sexta-feira e bom final de semana!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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