• O Essencial
  • Posts
  • A vastidão geopolítica do Estreito de Ormuz

A vastidão geopolítica do Estreito de Ormuz

🇺🇸 A pedalada tática dos EUA | 🐐 GOAT11 e a nova fauna dos ETFs

Alexandre Versignassi

Ouça a versão em áudio:

A vastidão geopolítica do Estreito de Ormuz

“Logo adiante está a boca do Golfo Pérsico, onde se mergulha em busca de pérolas”, descreve um manual náutico do século 1. A “boca do Golfo”, no caso, é o Estreito de Ormuz. Esse corredor marítimo de apenas 34 quilômetros de largura é a única saída do Golfo para o alto-mar. E o tesouro agora é outro: por ali flui quase todo o petróleo exportado por Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes, Iraque, Irã… São 20 milhões de barris por dia – coisa de 20% da produção mundial. 

  • Como resposta ao bombardeio americano no sábado, o Parlamento do Irã aprovou fechar o Estreito. Mas não veio o aval do aiatolá Khamenei. Segundo o JPMorgan, um eventual bloqueio da região poderia levar os preços do petróleo a dispararem para US$ 120 a US$ 130 por barril – mesmo nível do pico da crise de 2008.

  • Até hoje, o Irã nunca bloqueou a passagem. Primeiro, porque fazê-lo afetaria sua própria economia. Depois, porque prejudicaria a China, sua maior compradora de petróleo e aliada no Conselho de Segurança da ONU.

  • Por enquanto, é nessa hipótese que o mercado aposta. O petróleo operava numa alta leve na manhã de hoje: só 0,2%, a US$ 77 o barril. 

Hoje vamos falar sobre:

🇺🇸 A pedalada tática dos EUA

🐐 GOAT11 e a nova fauna dos ETFs

🪨 Excesso de cobalto

⚖️ Polêmica no Novo Mercado

HIGHLIGHTS

🐾 Petlove no Cade

A Petlove deve entrar hoje com um recurso no Cade contra a fusão da Petz com a Cobasi, segundo Lauro Jardim. No início de junho, o órgão aprovou o negócio sem restrições, afirmando que a junção não comprometerá a concorrência no mercado pet. A Petlove pretende contestar esse argumento.

💡 Previ corta fatia na BRF

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, vem reduzindo a participação na BRF. Na sexta, vendeu mais 3 milhões de ações, o equivalente a 0,18% da companhia. Agora, o fundo detém 4% do frigorífico – ante 6% no mês passado. Isso enquanto eles tentam barrar a fusão da BRF com a Marfrig: na semana passada, foram à Justiça para cancelar a assembleia que votaria a operação.

🔩 Minério e sucata

O BNDES aprovou um financiamento de R$ 566 milhões para a Gerdau, com recursos do Fundo Clima e do Finem. Em Ouro Preto (MG), o valor será usado para construir um mineroduto e um rejeitoduto – tubulações que reduzem o uso de caminhões no transporte de minérios e rejeitos. Também está prevista a criação de um centro de reciclagem de sucata em Pindamonhangaba (SP).

UMA IMAGEM

O ataque de sábado foi marcado por uma pedalada tática dos EUA na defesa iraniana. Algumas horas antes, eles tinham mandado uma frota de bombardeiros B-2 para o oeste, rumo à base de Guam, no Pacífico. A interpretação: seria uma forma de pressionar o Irã, deixando as aeronaves mais perto do território deles.

  • Enquanto esse movimento atraía todas as atenções, enviaram outro grupo de B-2, para o leste, sobre o Atlântico.

  • E foi essa outra frota, de sete bombardeiros, que atacou de surpresa as instalações nucleares do Irã, com 14 bombas de 13 toneladas cada uma.             

Na foto: Um bombardeiro B-2, utilizado nos ataques. Cada um deles custa US$ 2,1 bilhões (Reuters)

O MELHOR DO INVESTNEWS

Entenda o GOAT11, primeiro ETF que investe 80% em IPCA+ e 20% na bolsa americana

O cardápio dos ETFs está cada vez mais vasto. Já são 104 de renda variável e 19 de renda fixa. E agora começa a chegar um animal diferente, mais complexo, na fauna dos fundos negociados em bolsa. São os ETFs híbridos, que misturam renda fixa e variável na mesma cesta.

  • O primeiro ETF híbrido do Brasil chegou em maio: o GOAT11, lançado pelo Itaú. Ele tem 80% da carteira em renda fixa, via títulos públicos. Os outros 20% estão em renda variável, atrelados ao S&P 500 – índice que reúne as 500 ações mais negociadas dos EUA.

  • O índice de renda fixa que compõem os 80% da cesta é o IMA-B. Mas vale notar: apesar do nome, a renda ali não é fixa. O IMA-B reflete a variação de preço dos títulos IPCA+ – que oscilam conforme as expectativas para a Selic. Se o mercado prevê queda nos juros, o preço desses papéis sobe. Se a aposta é de alta, eles caem. E o seu saldo acompanha esse sobe e desce.

UM NÚMERO

75%

É a fatia da produção global de cobalto que vem da República Democrática do Congo. Em fevereiro, o país proibiu as exportações do metal por 4 meses – e agora estendeu a medida por mais 3.

  • Motivo: nos últimos anos, o grupo chinês CMOC aumentou demais a produção em duas minas congolesas. O excesso derrubou o preço da commodity, que chegou a menos de US$ 10 por libra em fevereiro – menor nível em 21 anos. Com as portas do Congo fechadas, os valores subiram quase 60% desde então.

  • O cobalto é usado na produção de baterias de lítio para carros elétricos. O Brasil até tem áreas de exploração, mas com uma produção tímida: 530 toneladas em 2024, ou 0,2% da oferta mundial. 

UMA FRASE

Neste momento, é difícil encontrar motivos para estar muito otimista com o mercado de ações ou com a economia.

Peter Berezin, estrategista da casa de análise BCA Research, em entrevista ao Business Insider. Ele projeta que o S&P 500 pode cair até 25% em 2025 – e vê 60% de chance de recessão nos EUA ainda neste ano. Berezin está na turma dos mais pessimistas do mercado. Mas há quem enxergue o copo mais cheio: o Goldman Sachs reduziu sua estimativa de recessão para 30%, citando menor incerteza sobre as tarifas de Trump. Já o Fed de Nova York calcula 28%.

VALE PARAR PARA LER

⚖️ Polêmica no Novo Mercado

Em 30 de junho, termina o prazo para votar a reforma do Novo Mercado – segmento da Bolsa com regras mais rígidas de governança. Mas a Abrasca, que representa as empresas listadas, contesta o modelo de votação: as mudanças são aprovadas se menos de um terço das empresas for contra, e as abstenções contam como voto a favor. A entidade defende que a reforma só avance com o aval da ampla maioria.

🌐 O “fio que liga”

A praia do Futuro, em Fortaleza, é o principal ponto de entrada de cabos submarinos no Brasil. São 16 cabos de fibra óptica que vêm da Europa, África, Caribe e EUA – os "fios que ligam" a internet brasileira ao resto do mundo. Pois é: mesmo na era do 5G e da nuvem, 97% do tráfego internacional de internet ainda passa por cabos físicos, não por satélites.

É isso. Boa semana!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

Recebeu a newsletter de alguém?