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O ‘legado tóxico’ da Monsanto para a Bayer

📄 Fim da novela da Eldorado | 🏷️ O ‘saldão’ da Raízen

Alexandre Versignassi

Ouça a versão em áudio:

O 'legado tóxico' da Monsanto para a Bayer

Sete anos depois de ter pagado US$ 63 bilhões pela Monsanto, a Bayer se vê refém do glifosato. A dívida que fizeram para garantir a compra mancha os balanços da empresa até hoje. E o herbicida, que é usado amplamente no Brasil, motiva processos que estrangulam o caixa. Desde 2018, a Bayer já perdeu 80% do valor de mercado.   

  • Nos processos, a acusação é a de que o glifosato causa câncer. Não existem evidências científicas sobre isso. Mesmo assim, a empresa já gastou US$ 11 bilhões em indenizações.

  • Depois da compra da Monsanto, a dívida da Bayer saltou para mais de 3x o Ebitda, quando o ideal é ficar abaixo de 2x. E nunca mais saiu desse patamar. 

  • Para piorar, a Bayer também enfrenta a concorrência de versões genéricas do glifosato. No ano passado, o prejuízo foi de € 2,5 bilhões.

E agora o CEO, Bill Anderson, tenta aprovar a emissão de novas ações para fazer caixa. O problema é combinar com os acionistas, já que a medida diminui mais ainda o valor das ações que circulam hoje.

Hoje vamos falar sobre:

📄 Fim da novela da Eldorado

✈️ Azul em queda livre

🏷️ O ‘saldão’ da Raízen

👑 Algo de podre no reino de Davos

HIGHLIGHTS

📄 Fim da novela da Eldorado

A família Batista vai pagar US$ 2,7 bilhões à Paper Excellence por 49% da Eldorado Celulose. Chega ao fim uma disputa que se arrastava desde 2018: a J&F tinha concordado em vender 100% da Eldorado para a Paper – mas, após o pagamento inicial e a transferência das ações, o negócio travou, com os dois lados se acusando de descumprir o contrato.

✈️ Azul em queda livre

As ações da Azul caíram mais 16% após a divulgação do resultado do 1º trimestre: prejuízo de R$ 1,82 bilhão, quase 6x pior que o registrado há um ano. Ô setor complexo: até agora, a Azul é a única aérea em operação no país que não precisou recorrer à recuperação judicial para reestruturar suas finanças.

⚡Choque regulatório na Eletrobras

A Eletrobras teve um prejuízo de R$ 81 milhões no 1º tri, revertendo o lucro de quase meio bilhão de um ano antes. Teve a ver com uma decisão da Aneel, que revisou para baixo o valor de alguns “ativos regulatórios” da companhia. Traduzindo: isso significa menos receita no futuro, e forçou um ajuste contábil de R$ 952 milhões. 

UMA IMAGEM

A sede da SpaceX fica no extremo sul do Texas. Dentro do complexo, existe uma vila onde vivem 300 funcionários da empresa. Na semana passada, os moradores votaram para transformar oficialmente a região em uma cidade. Rolou. Agora Starbase é um município, com prefeito e tudo. 

  • As cidades-empresa andam fora de moda, mas eram comuns nos EUA do século passado. Um exemplo é Hershey, na Pensilvânia, fundada pela fabricante de chocolate em 1903. 

  • No Brasil, Henry Ford construiu a Fordlândia no meio da Amazônia, em 1928 – mas ela durou só até 1945. Hoje é uma vila com 1.200 habitantes e cheia de ruínas.

O MELHOR DO INVESTNEWS

O ‘saldão’ da Raízen

E agora, José? O açúcar amargou, o etanol evaporou, o lucro sumiu. No ano-safra de 2024 – que vai  de abril de 2024 a março de 2025 – a Raízen teve um prejuízo de R$ 4,2 bilhões, revertendo um lucro de R$ 614 milhões no ciclo anterior. Enquanto isso, a dívida líquida disparou 79%, chegando a R$ 34 bilhões.

  • A Raízen é a maior empresa de açúcar e etanol do mundo. Mas tem braços em vários outros segmentos: lojas de conveniência, serviços financeiros, operações portuárias, energia renovável

  • E a empresa pretende se livrar desses penduricalhos para aliviar os custos. Durante a apresentação de resultados, na terça, a Raízen deixou claro que vai abrir mão do que não faz parte do core business ali, daquilo que realmente sustenta o negócio. No caso: a produção de açúcar e etanol, claro, além da distribuição de combustíveis na Argentina.

  • Como parte do plano de enxugamento, a empresa tem buscado um comprador para sua participação no Oxxo. Hoje, a rede de lojas de conveniência é operada pelo Grupo Nós, uma parceria entre a Raízen e FEMSA, do México. 

Algo de podre no reino de Davos

O Fórum Econômico Mundial é uma organização (teoricamente) sem fins lucrativos, fundada em 1971 pelo economista Klaus Schwab. Todo ano, o grupo organiza seu evento em Davos, que reúne boa parte do PIB e do poder político global nos alpes suíços.  

  • À frente do Fórum até hoje, Schwab está no centro de uma crise interna: recentemente, o comitê de auditoria recomendou a abertura de uma investigação contra ele e sua esposa, Hilde Schwab. A acusação é de que, durante anos, o casal usou a instituição sem fins lucrativos para... lucrar.

  • O Fórum Econômico Mundial gera US$ 500 milhões por ano – grande parte vinda das taxas pagas por empresas para participar de eventos exclusivos.

  • Segundo outra reportagem do Wall Street Journal, de 2024, Schwab enfrenta mais uma leva de denúncias: ele teria criado um ambiente de trabalho hostil, repleto de casos de assédio sexual e discriminação racial.

Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.

UM NÚMERO

2,8%

Foi a inflação da Argentina em abril. Por lá, o índice ficou abaixo dos 3% em três dos quatro meses do ano – e não passa de 10% há 13 meses. Uma grande inflação, mas que deixou de ser hiper. 

  • O acumulado de 12 meses caiu para 47%. No auge da inflação argentina, tinha chegado a 292%.  

UM GRÁFICO

O mercado em ritmo socrático: “só sei que nada sei”. A palavra “incerteza” dominou a temporada de balanços do 1º trimestre, de acordo com um levantamento da Bloomberg. Em empresas listadas nos EUA, o termo já foi citado mais de 9 mil vezes durante as teleconferências de apresentação dos resultados – graças, claro, às indefinições da guerra comercial no país. A frequência já supera o pico anterior, registrado em 2020, lá no início da pandemia.

VALE PARAR PARA LER

🍎 Siri em modo silencioso

Até agora, a Apple não conseguiu apresentar um uso de IA realmente relevante em seus produtos. O símbolo deste fracasso é a Siri, assistente de voz que segue com um QI limítrofe. Agora, ela vem perdendo espaço para as versões em voz do Perplexity e do ChatGPT. Com essas, dá para sair e tomar um chopp. 

É isso. Boa quinta-feira!

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Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito