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Taxação de dividendos: os dois lados da moeda
🥩 A queda e a reascensão dos Batista na JBS | 🏢 Lemann, Telles e Sicupira no mercado de FIIs
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Taxação de dividendos: os dois lados da moeda
Estônia, Letônia e Brasil. Entre os 47 membros ou candidatos a participar da OCDE, só esses três não cobram IR sobre dividendos. E agora, depois que o Congresso derrubou a alta no IOF, Haddad voltou ao tema. Bom, se todo mundo taxa dividendos, por que não a gente também?
Não é tão simples. As empresas aqui já pagam um imposto fora da curva. São 34% sobre os lucros. No México são 30%; nos EUA, 26%; na Irlanda, 12%. Na OCDE+, digamos assim, só a Colômbia cobra mais do que nós – na mesma faixa.
E nos países que cobram, nem todo mundo paga. Longe disso. Nos EUA, o IR sobre dividendos é de 20%. Mas só o 1% mais rico de lá, que tira mais de US$ 500 mil por ano, paga a taxa cheia. E quem tira menos de US$ 50 mil por ano fica isento – metade dos americanos, no caso.
Vale lembrar que “dividendos” não são só proventos de acionistas. Todo PJ recebe na forma de dividendos. O que o Ministro da Fazenda sempre aventou, de qualquer forma, foi cobrar alguma taxa extra só de quem tira mais de R$ 100 mil por mês. Se for isso mesmo, seria o 0,1% mais rico daqui.
Hoje vamos falar sobre:
⚖️ Samarco tenta antecipar fim de RJ
🥩 A queda e a reascensão dos Batista na JBS
🏢 Lemann, Telles e Sicupira no mercado de FIIs
📑 BC pede mais informações sobre a fusão BRB e Master
HIGHLIGHTS
⚖️ Samarco tenta antecipar o fim da RJ
A Samarco tenta encerrar sua recuperação judicial, alegando que já cumpriu todas as obrigações e que o processo tem dificultado seu acesso a crédito. Mas credores e a Justiça discordam: dizem que a mineradora ainda não cumpriu compromissos importantes, como a reconstrução das comunidades afetadas pelo desastre de Mariana.
💰 A condição de Tanure
O empresário Nelson Tanure quer comprar a Braskem – mas só se ficar claro quanto a empresa ainda precisa pagar em indenizações pelo afundamento do solo em Maceió, causado pela antiga extração de sal-gema da companhia. Até agora, a Braskem já desembolsou R$ 13 bilhões no caso.
🏠 EcoRodovias na BR-101
Sem concorrentes no leilão, a EcoRodovias manteve a concessão da BR-101, que vai do Espírito Santo à Bahia. Foi um leilão de “otimização do contrato” – modelo criado recentemente para renegociar concessões problemáticas. O acordo agora prevê R$ 10 bilhões em investimentos em 24 anos.
O MELHOR DO INVESTNEWS
A queda e a reascensão dos irmãos Batista na JBS

‘Joesley Day’, 17 de maio de 2017. Vaza uma conversa de Joesley Batista combinando com Michel Temer o pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha. O áudio veio à tona durante a delação premiada de Joesley à Lava Jato. Foi revelado ali um esquema de corrupção que, entre 2003 e 2017, garantiu R$ 17,6 bilhões em empréstimos do BNDES à JBS.
A partir daí, Joesley e Wesley Batista saíram de cena nos negócios da J&F – holding que controla a JBS e outras sete empresas da família.
Mas eles voltaram com força. Em 2024, os dois reassumiram cadeiras no conselho da JBS e passaram a aparecer com frequência em eventos. Recentemente, eles até criaram perfis nas redes sociais para se aproximar do público.
E agora, em junho, os irmãos tiraram do papel um plano arquitetado há mais de uma década: listar as ações da JBS nos Estados Unidos. A operação, aliás, foi estruturada para ampliar o poder de voto de Joesley e Wesley na companhia.
Leia mais nesta reportagem de Letícia Toledo.

Um raio-x da fortuna do noivo Jeff Bezos

Jeff Bezos está em Veneza para sua festa de casamento de 3 dias e US$ 15 milhões com a ex-apresentadora de TV Lauren Sanchez. É uma festa de proporções nababescas, que promete congestionar o aeroporto Marco Polo com pelo menos 90 jatos particulares. Agora, alguns números sobre a fortuna dele.
O Wall Street Journal estima o patrimônio de Bezos em US$ 264 bilhões. Ele detém perto de 9% das ações da Amazon – o equivalente a US$ 191 bilhões hoje.
Bezos é o 23º maior proprietário de terras dos EUA, com 1,7 mil quilômetros quadrados. Dá mais que a cidade de São Paulo, que tem 1,5 mil km².
E tem um megaiate de 127 metros (na foto), que custou pelo menos US$ 500 milhões. Dá 10x o preço de um jato executivo Gulfstream G650 – que ele também tem.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
R$ 308,5 milhões
foi o valor da operação que marcou a estreia da São Carlos Empreendimentos como gestora de imóveis para fundos imobiliários. A empresa é controlada pelo trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.
A empresa vendeu 19 imóveis para um FII da gestora TG Core. Juntos, eles somam 45 mil m². Com o negócio, a São Carlos continuará administrando os empreendimentos e terá direito a 90% do lucro caso eles sejam vendidos.
A São Carlos vem focando na compra, reestruturação e revenda de imóveis comerciais – e, agora, também na gestão deles.
UMA FRASE
“Temos recebido informações, mas a área responsável continua demandando mais informações para que possamos fazer a análise.”
VALE PARAR PARA LER
💨 Carvão: a todo vapor
Depois do Acordo de Paris, em 2015, analistas previam uma queda global na demanda por carvão. Não rolou. O consumo bateu recorde em 2023 – e hoje é 2x maior que no início do século. Na real, países como EUA, Reino Unido e Alemanha de fato encolheram a demanda. Mas China e Índia foram na contramão.
OFF WORK
📘 Na estante
Martin Wolf é o comentarista-chefe de economia do Financial Times. Recentemente, ele listou suas leituras favoritas do semestre. Entre elas:
Exile Economics, de Ben Chu, que defende a globalização e argumenta que se fechar ao comércio internacional não vai recuperar empregos nem tornar os países mais seguros economicamente.
King Dollar, de Paul Blustein, que analisa a força do dinheiro verde como moeda global e aposta que sua supremacia continuará por muitos e muitos anos – a menos que os EUA cometam erros gravíssimos.
É isso. Boa sexta-feira e bom final de semana!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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