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Como a Amil voltou a dar lucro
📉 Petróleo de volta aos níveis pré-conflito | 🎤 A sabatina de Powell
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Como a nova Amil virou o jogo e voltou a dar lucro
No fim de 2023, o empresário José Seripieri Júnior protagonizou a maior aquisição já feita por uma pessoa física no Brasil: comprou a operadora de saúde Amil da americana UnitedHealth. Ao todo, foram R$ 11 bilhões – com R$ 2 bilhões pagos em dinheiro e o resto em dívidas da companhia.
O primeiro ano da Amil sob nova gestão foi um sucesso. A companhia saiu de um prejuízo de R$ 4 bilhões em 2023 para um lucro líquido de R$ 619,8 milhões em 2024. Boa parte desse lucro, de qualquer forma, veio de uma mudança da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Pelo seguinte: a ANS exige que os planos de saúde reservem uma quantia enorme para cobrir possíveis perdas – caso os custos com os clientes superem o que a empresa arrecada. É a chamada Provisão para Insuficiência de Contraprestações (PIC). Bom, no ano passado, a ANS flexibilizou a regra. Nessa, a provisão da Amil caiu de R$ 1,8 bilhão para R$ 580 milhões. E os R$ 1,2 bilhão restantes passaram a contar no resultado, inflando o lucro.
Graças a esse resultado, a Amil vai repassar R$ 588 milhões em dividendos para Júnior ao longo deste ano – mais de um quarto do que ele desembolsou na compra da operadora. Agora, o desafio é manter o resultado positivo nos próximos anos, sem o empurrão contábil.
Hoje vamos falar sobre:
📉 Petróleo de volta aos níveis pré-conflito
🏠 Votorantim no mercado imobiliário dos EUA
🎤 A sabatina de Powell
🛣️ Pistas sinuosas na Rota de Lima
HIGHLIGHTS
⛽ É proibido proibir
A Raízen ameaçou cortar o fornecimento de combustível à Azul, dizendo que a companhia aérea está inadimplente. A Azul foi à Justiça dos EUA para tentar barrar a suspensão – e conseguiu. Ontem, a Corte americana proibiu que a Raízen interrompa o serviço sem antes apresentar um pedido ao tribunal.
💳 ‘Já fez o cartão C&A?’
A C&A encerrou oficialmente sua parceria com o Bradesco, que fornecia os serviços financeiros da varejista – como os cartões da loja. Agora, ela passa a tocar essa frente dentro de casa, seguindo os passos da Renner e da Riachuelo.
🐔 Contraindicado em caso de suspeita de gripe
Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde Animal declarou o Brasil livre da gripe aviária. Desde então, Japão, Iraque, Paraguai e outros 14 países voltaram a comprar frango brasileiro. Mas vários outros ainda mantêm restrições. Entre eles: China, Argentina e todos os da União Europeia.
UMA IMAGEM

Na madrugada de terça, parecia que o cessar-fogo entre Israel e Irã morreria mesmo antes de nascer. Mas deu certo: ontem, ambos interromperam os ataques depois de 12 dias de conflito. Aí o petróleo despencou mais 6%, agora para US$ 67,14 o barril. Já é o mesmo patamar de antes da guerra. No pico dos últimos dias, o barril chegou a US$ 77. Na foto: um navio petroleiro atravessa o Estreito de Ormuz, na costa do Irã – única saída do Golfo Pérsico para o alto-mar (Getty).

O trunfo das stablecoins para ameaçar o reinado de Visa e Mastercard

Com a regulamentação das stablecoins avançando nos EUA, as empresas de cartões ficaram meio escanteadas no mercado. As ações da Circle, que emite a USDC, disparam, enquanto os papéis da Visa e da Mastercard vão pelo caminho oposto. Mas criptos que mantêm paridade com o dólar têm mesmo como vencer as gigantes dos cartões?
Em parte, sim. Quem paga a conta das empresas de cartão são os comerciantes, que arcam com as taxas. Por essas, Amazon e Walmart estudam emitir suas próprias stables.
Mas não é tão simples. Os programas de recompensa seguem eficientes na tarefa de manter a fidelidade dos usuários.
Uma saída para as emissoras de stablecoins seria dividir o bolo. Elas ganham com os juros dos títulos públicos que mantêm como lastro de suas criptos. Repassar uma parte desse lucro aos usuários na forma de cashback pode ajudar na conquista de clientes.
UM NÚMERO
US$ 1 bilhão
é quanto a Votorantim pretende investir no mercado imobiliário dos EUA até 2030.
A holding entrou nessa área em 2023, por meio de sua empresa imobiliária, a Altre. Hoje, ela tem US$ 200 milhões investidos nos EUA – o equivalente a 20% do portfólio. A meta é chegar a 50%.
Faz parte de uma estratégia da família Ermírio de Moraes, dona da Votorantim, para diversificar seu portfólio fora do Brasil. Com 107 anos de história e operações em 19 países, eles já fazem de tudo um pouco: têm negócios de cimento, infraestrutura, aço, suco de laranja, bancos, energia…
UMA FRASE
“Todos os analistas profissionais que eu conheço (...) esperam um aumento significativo da inflação ao longo deste ano.”
VALE PARAR PARA LER
🛣️ Pistas sinuosas na Rota de Lima
Em 2016, a gestora Brookfield assumiu o controle da Rutas de Lima, um conjunto de três rodovias no Peru. Era uma parceria com a Odebrecht (hoje, Novonor), que meses depois se declarou culpada na Lava Jato. Esse foi só o começo das dores de cabeça. No capítulo mais recente, a Brookfield enfrenta protestos públicos e disputas com a prefeitura de Lima, por conta dos altos preços dos pedágios.
💹 O mundo além do dólar
“No futuro, (...) algumas moedas soberanas [vão] coexistir, competir e se equilibrar mutuamente”, disse Pan Gongsheng, presidente do Banco Popular da China. Trata-se de um sinal claro da visão chinesa para o futuro: um sistema monetário global menos dependente do dólar – e mais aberto ao yuan.
É isso. Boa quarta-feira!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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