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Bons ventos para a soja
👟 Os sapatos de Lemann | 🥇 Todo o ouro do mundo
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Soja: até US$ 12 bilhões em exportações dos EUA para a China podem cair no colo do Brasil
Nossa soja vive uma relação de dependência mútua com a China: 75% do que o Brasil exporta vai para lá; 70% do que a China importa vem daqui.
E esse entrelaçamento comercial deve ficar ainda mais intenso. O segundo maior fornecedor para a China é justamente os Estados Unidos, com uma fatia de 23%. Em dinheiro, são US$ 36,4 bilhões para nós e US$ 12 bilhões para eles. Agora, com a guerra comercial, isso deve mudar – no caso do Brasil, para melhor.
Quem diz é a China mesmo. Membros do governo já declararam publicamente que não vai faltar soja no país mesmo se eles deixarem de comprar dos americanos.
Motivo: eles contam com o Brasil. A mídia estatal de Xi Jinping chegou a divulgar que, num grande porto ao sul de Xangai, o aumento no tráfego de navios com soja brasileira em abril foi de 48%, na comparação anual.
E já aconteceu antes. Até 2018, nossa soja respondia por 50% das importações chinesas. Aí veio a guerra comercial do primeiro governo Trump, e chegamos ao patamar de hoje.
Hoje vamos falar sobre:
👟 Os sapatos de Lemann, Telles e Sicupira
🎲 Onde foram parar os dados da China?
🥇 Todo o ouro do mundo em 22m³
🚗 A trilha da ex-CCR
HIGHLIGHTS
🛒 Carrinhos mais leves
O Grupo Mateus é o terceiro maior do setor de supermercados, atrás só do Carrefour e do Assaí, e fortíssimo no Nordeste. Seu lucro cresceu 32,5% no 1º trimestre, para R$ 318,5 milhões. Mas as vendas recuaram. Tem a ver com a inflação: com o aumento dos preços, a rede vendeu menos, só que por mais.
🛣️ Os novos caminhos da CCR
Em março, a CCR mudou de nome para Motiva. Ontem, a empresa reportou um lucro de R$ 539 milhões no primeiro trimestre, alta anual de 20%. Em parte, graças à incorporação de duas novas concessões: a Rota Sorocabana, em São Paulo, e a PRVias, no Paraná.
💼 Os conselheiros do GPA
Nelson Tanure emplacou apenas um nome no conselho do GPA. Foi ele quem, em março, propôs a eleição de novos membros para o colegiado. A ideia era eleger três representantes. Mas ele perdeu força depois que o investidor Rafael Ferri e a família Coelho Diniz entraram na disputa.
UMA IMAGEM

Copyright: © 2025 Bloomberg Finance LP
Esta é uma vitrine da marca de calçados americana Skechers. Por US$ 9,4 bilhões, ela se tornou a nova aquisição da 3G Capital, gestora fundada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Não é a primeira investida do trio no setor de tênis: desde 2018, Beto Sicupira e Marc Lemann, filho de Jorge Paulo, detém uma fatia de quase US$ 2 bilhões na On Running, a marca suíça de tênis de corrida que tem Roger Federer como garoto-propaganda.

O apagão de dados na China

É aquele velho princípio: só está doente quem faz o exame. Nos últimos anos, autoridades chinesas deixaram de divulgar uma série de indicadores. E o padrão se repete: os dados desaparecem sempre que começam a revelar fragilidades na economia do país.
Foi o caso do desemprego entre jovens, que deixou de ser compartilhado em 2023 – justamente quando o índice bateu recorde, de 21%.
Em 2024, pouco depois de investidores estrangeiros saírem em peso do mercado chinês, as bolsas de Xangai e Shenzhen pararam de divulgar os fluxos de capital externo em tempo real.
Mesmo os indicadores abertos despertam desconfiança. Nos anos 2000, o economista chinês Yi Fuxian propôs uma métrica alternativa aos dados populacionais do governo: as vacinas contra tuberculose, obrigatórias para os recém-nascidos. Em 2020, foram aplicadas 5,4 milhões de doses. No mesmo ano, o governo reportou 12,1 milhões de nascimentos.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
1
Sim, o número é um porque essa é primeira vez no ano que cai a expectativa para a Selic ao final de 2025. No boletim Focus, a mediana de projeções agora é de 14,75% – depois de 17 semanas a 15%.
Amanhã é Super Quarta: quando os astros se alinham e os Bancos Centrais do Brasil e dos EUA decidem simultaneamente para onde vão suas taxas de juros.
UMA FRASE
“Temos interesse em nos aproximar mais dos Estados Unidos. Fizemos isso na administração Biden e faremos na administração Trump.””
UM GRÁFICO

Ao longo da história, a humanidade minerou 216.265 toneladas de ouro. É pouco. Esse volume caberia num cubo de apenas 22 metros de lado. Quase metade virou corrente, aliança, relógio. Uma parte está trancada em cofres de bancos centrais; outra, com bancos e cofres privados. Desde janeiro, a cotação do metal disparou 22%. Claro: investidores têm buscado se proteger da instabilidade global patrocinada pelas tarifas de Trump.
VALE PARAR PARA LER
💲 Quem vai desbancar o dólar?
Desde o fim da Segunda Guerra, o dólar é a moeda franca do planeta: serve de âncora cambial dos BCs e domina o comércio internacional. Mas, desde 2015, vem perdendo espaço – pressionado pelo avanço da dívida dos EUA e pela ascensão do yuan. A política econômica Trump tende a acelerar essa decadência.
🦸 Super-problemas
Desde 2020, a Marvel passou a produzir séries exclusivas para o Disney+. Mas o público cansou de tantas séries e tramas interligadas. Depois de anos fazendo chover dinheiro, os heróis perderam o encanto – e os executivos agora tentam repensar a estratégia de lançamentos.
É isso. Até amanhã!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito