A Novonor tenta vender o controle da Braskem desde os tempos em que ainda se chamava Odebrecht. Essa novela, que se arrasta desde 2018, ganhou um plot twist na sexta-feira passada, quando veio a público que Nelson Tanure estava negociando a compra de 50,1% das ações ordinárias (com direito a voto). Desde lá, a ação da petroquímica subiu 17%. 

• Mas pessoas que acompanham a oferta de perto disseram ao InvestNews que têm suas dúvidas sobre a viabilidade do negócio.
  

• Primeiro porque Tanure é dono da Prio, a maior petroleira privada do país. Caso ele assuma a Braskem, teria como sócia a Petrobras, que detém 47% das ações com direito a voto. Não seria algo trivial.
  

• Segundo, porque a fatia da Novonor está nas mãos de bancos credores como garantia de uma dívida de R$ 15 bilhões. E esse pedaço vale menos de R$ 4 bilhões. 

Ou seja, o negócio só fará sentido se duas pontas se encontrarem. De um lado, os bancos têm de aceitar um desconto enorme sobre o valor da dívida; do outro, Tanure precisa pagar um prêmio mastodôntico sobre as ações. Tipo: se ele pagar 100% a mais, isso ainda significaria uma perda de 50% para os bancos. Não está fácil para ninguém.    

O terminal Tecon 10 vai ser um colosso logístico: deve aumentar em até 50% o fluxo de cargas no Porto de Santos. A operação deve começar em 2027, mas o leilão do espaço acontece já este ano. 

• A Agência Nacional de Transportes Aquaviários vai fazer o leilão em duas fases. Primeiro, só podem disputar empresas que ainda não operam no porto. Se ninguém apresentar uma proposta válida, abre-se a segunda fase, com participação liberada para qualquer interessado.
  

• A ideia é evitar que grupos verticalizados – ou seja, donos de navio, de terminal e de operação – ampliem mais ainda seu domínio no porto. Uma possível interessada é a JBS Terminais, dos irmãos Batista, que ainda não atua por lá.

Na foto: vista aérea do Porto de Santos (Getty). 

Câmaras de arbitragem são tribunais privados, fora da Justiça comum, pensados para resolver disputas entre empresas. Servem, por exemplo, para brigas societárias, conflitos em contratos de concessão ou fusões que deram errado. No lugar de um juiz do Estado, quem bate o martelo é um árbitro – escolhido pelas partes e especializado no tema.

• No Brasil, o modelo passou a valer em 2001. Desde então, virou o formato preferido da elite empresarial para lavar a roupa suja. O principal atrativo é a agilidade: em média, os casos são resolvidos em 24 meses. Outra diferença importante é que os processos correm em sigilo, o que garante mais discrição às empresas envolvidas.
  

• Mas rapidez e recato têm seu preço – e ele é alto. Uma disputa de R$ 10 milhões pode custar entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão. Quase três vezes mais do que na Justiça comum.

Leia mais nesta reportagem de Rikardy Tooge. 

Para amortecer os efeitos da guerra comercial com os EUA, a China recorreu a uma medida inédita em sua política econômica: estimular os gastos das famílias. Neste ano, o governo já destinou o equivalente a US$ 42 bilhões para ampliar um programa de subsídios à troca de carros e eletrônicos.

• Mas alguns economistas alertam: o país vai precisar de reformas profundas se quiser ver os chineses consumindo mais no longo prazo. Pelo seguinte: como o governo oferece poucos programas de proteção social – como seguro saúde ou seguro-desemprego –, a população precisa reforçar o próprio pé de meia. Por isso, a taxa de poupança por lá é altíssima: 40% do PIB, contra uma média global de 27% – no Brasil, são só 14%.
  

• Mas essa ideia esbarra em crenças pessoais de Xi Jinping – que costuma chamar medidas de apoio direto aos consumidores de “assistencialismo”. Para o presidente chinês, o mais importante é continuar apoiando a indústria. Ele disse recentemente: “A China sempre seguiu o caminho da economia real, que se provou o caminho certo”.

Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.