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Argentina volta ao jogo da Unipar
🌊 Petrobras do outro lado do Atlântico | 🩸 Kill Bill
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Argentina volta ao jogo da Unipar
Por anos, a planta da Unipar na Argentina foi uma dor de cabeça. Em 2019, o governo do país implementou o cepo – controle cambial que tentava segurar a fuga de dólares. A partir daí, empresas estrangeiras foram obrigadas a converter suas receitas por um câmbio oficial artificialmente baixo, o que corroía as margens de lucro. “Chegamos a rever os investimentos por lá, sim”, disse Frank Geyer Abubakir, acionista controlador da Unipar.
Neste ano, o governo Milei aboliu o cepo e restabeleceu o câmbio flutuante. Agora, Geyer vê novo fôlego para as operações em Bahía Blanca, cidade portuária ao sul de Buenos Aires.
Mesmo com os bons ventos argentinos, a Unipar ainda tem um desafio: o ciclo de baixa da indústria petroquímica. Responsável por 39% da receita da empresa, o PVC caiu 7% em 12 meses. E a soda cáustica, que responde por 40% do faturamento, perdeu fôlego após a forte alta de 2024.
Mesmo com a indústria em baixa, a companhia lucrou R$ 150 milhões no 1º trimestre – quase o triplo de um ano antes.
Hoje vamos falar sobre:
🌊 Petrobras do outro lado do Atlântico
🔧 Tupy e a montadora misteriosa
🎩 João Camargo: entre mercado e governo
🩸 Kill Bill
HIGHLIGHTS
🌊 Do outro lado do Atlântico
A Petrobras ganhou exclusividade para negociar nove blocos de exploração nas águas da Costa do Marfim. A companhia tem sondado novos investimentos na África para reforçar suas reservas futuras de petróleo – já que a produção do pré-sal, sua maior fonte de receita, deve declinar em menos de três anos.
🐔 BRF-Marfrig: fusão aprovada
O Cade aprovou, sem restrições, a incorporação da BRF pela Marfrig. A operação vai criar a MBRF, gigante de carnes e alimentos processados com receita de R$ 152 bilhões. Mas calma lá: a aprovação só será definitiva após 15 dias, se ninguém recorrer. Fale agora ou cale-se para sempre.
⚙️ Tupy e a montadora misteriosa
A metalúrgica Tupy anunciou que vai fornecer blocos de motor para uma fabricante global de caminhões. Mas não disse quem. Os motores, 13.0, vão ser feitos na unidade da empresa em Ramos Arizpe, no México, e devem gerar uma receita anual de R$ 200 milhões.
UMA IMAGEM

Disprósio, Promécio, Samário, Lutécio e Túlio. Ítrio. Hólmio, Itérbio e Érbio. Cério e Escândio. Parece a escalação da seleção brasileira de 1930. Mas não. São algumas das terras raras: 17 elementos químicos fundamentais para a produção de smartphones, turbinas eólicas e carros elétricos.
A questão: montadoras da Europa estão paralisando linhas de produção por falta de terras raras.
O motivo: a China controla 70% da produção global desses elementos. E passou a restringir as exportações para o Ocidente, por conta de geopolítica. Está surtindo efeito.
Na foto: Área de mineração de terras raras na Austrália, o único fornecedor relevante fora a China (Bloomberg).
O MELHOR DO INVESTNEWS
João Camargo: o fio invisível que liga empresários ao governo

João Camargo encarna a costura invisível entre Estado e mercado no Brasil. Filho de deputado federal, ocupou cargos públicos até meados dos anos 1990 – quando caiu em meio ao escândalo PC Farias, no governo Collor.
Dali, jurou nunca mais voltar para a política institucional. Fez dinheiro no setor imobiliário e sumiu das manchetes por décadas – mas nunca perdeu o trânsito entre os poderosos.
Em 2021, ele fundou a Esfera Brasil, um grupo que promove eventos para reunir grandes nomes do PIB e da política nacional. Camargo define o negócio como um “think tank para pensar o Brasil”, e rejeita a alcunha de lobista.
Numa entrevista ao InvestNews, João Camargo diz que o modelo da Esfera se assemelha mais ao de um clube: os associados pagam mensalidades fixas para participar, sem remuneração por êxito – ou seja, sem repasse de dinheiro quando demandas específicas são atendidas.
Leia mais nesta reportagem de Greg Prudenciano.
UMA FRASE
“KILL the BILL”
UM GRÁFICO

O Brasil produz muito mais gás natural do que consome, só que devolve a maior parte para baixo da terra. A produção em abril foi de 168 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d), quase tudo nas plataformas do pré-sal. Disso, 90 milhões acabaram “reinjetados”, em vez de irem para o mercado. Enquanto isso, o país teve de importar 14 milhões de m³/d para suprir a demanda interna.
Não é burrice. É lógica. O gás do pré-sal é um subproduto da extração de petróleo. Injetar uma parte de volta ajuda a puxar mais óleo lá de baixo. O problema: a média de reinjeção no resto do mundo é de 20%. No Brasil, são 54%. Se o país tivesse mais gasodutos marítimos, talvez nunca mais precisasse importar gás natural.
Mas hoje não vale a pena como negócio. De um lado, as petroleiras tirariam menos óleo, uma commodity mais lucrativa que o gás. De outro, a despesa com infraestrutura não seria trivial, já que as plataformas do pré-sal ficam a até 300 quilômetros da costa.
VALE PARAR PARA LER
🧬 De aliada a alvo
Durante a pandemia, a Moderna apostou numa vacina contra Covid com a tecnologia de mRNA – uma espécie de “manual de instruções” genético que ensina o corpo a combater o vírus. A estratégia funcionou, e a farmacêutica virou uma favorita do governo americano. Só que, agora, o clima mudou. Recentemente, o ministério da saúde dos EUA cancelou um contrato de US$ 766 milhões com a Moderna para desenvolver vacinas de mRNA, inclusive contra gripe aviária.
É isso. Boa quinta-feira!
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Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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