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O tarifaço virou tarifinho?
💼 Rafael Ferri na Toky | 🏦 Copom, Fed e o ‘manteu’
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
As exceções à tarifa de 50% cobrem pelo menos um terço das exportações brasileiras para os EUA
O tarifaço ficou menos superlativo. Pelo menos um terço das exportações brasileiras acabaram de fora dos 50%. Elas seguem no patamar atual, de 10%. Dos sete itens que mais vendemos para os EUA, quatro ficaram de fora: petróleo, aeronaves, celulose e suco de laranja.
Petróleo (e derivados) é a categoria líder. Em 2024, ela representou 19% das exportações para os EUA.
Aviões e peças aeronáuticas responderam por 6% do que o Brasil mandou para lá. Fora do tarifaço, a Embraer soltou foguete: ganhou R$ 5,5 bilhões em valor de mercado – mais sobre isso adiante ;)
Celulose e suco de laranja, juntos, formam 7% das nossas vendas para os EUA.
Essa turma toda dá 32% de tudo o que o Brasil exporta para lá. O próximo capítulo é aguardar o destino do café. Ele segue nos 50%, mas o secretário de Comércio dos EUA já disse que pode vir uma isenção global. Vamos falar mais sobre o café também. Segue com a gente.
Leia mais nesta reportagem do InvestNews.
Hoje vamos falar sobre:
🥩 Minerva nega boicote à Marfrig
🏦 Copom, Fed e o ‘manteu’
✈️ O salto da Embraer
💼 Rafael Ferri na Toky
HIGHLIGHTS
🥩 Minerva nega boicote à Marfrig
Em 2023, a Minerva vendeu 15 frigoríficos para a Marfrig. Pelo acordo, ela se comprometeu a dar preferência à rival na venda de alguns cortes de carne. Agora, a Marfrig acusa a Minerva de recusar pedidos importantes. Ontem, a Minerva negou qualquer quebra de contrato – e disse que a denúncia foi uma retaliação por ela ter contestado a fusão entre Marfrig e BRF.
💼 O governo e a Vale
O governo está tentando, mais uma vez, influenciar na gestão da Vale. Segundo O Globo, os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira articulam mudanças no conselho de administração da mineradora. O plano é tirar dois nomes: Daniel Stieler, atual presidente do conselho, e João Fukunaga, presidente do fundo de pensão Previ – um dos principais acionistas da Vale.
🛵 Guerra no delivery
A Prosus, controladora do iFood, vendeu US$ 250 milhões em ações da Meituan, uma gigante chinesa de entregas. É que as duas viraram concorrentes diretas: neste ano, a Meituan anunciou um investimento de US$ 1 bilhão para crescer no Brasil. E mais US$ 270 milhões para entrar no Oriente Médio – onde a Prosus já atua com a app Talabat.
UMA IMAGEM

Toyota, Stellantis, Volkswagen e GM fizeram pressão para que o governo Lula não ajudasse a BYD, com isenção temporária de impostos sobre a importação de veículos parcialmente desmontados. É o que a montadora chinesa vai fazer em sua fábrica na Bahia: montar kits prontos vindos da China.
E o protesto das concorrentes funcionou, em parte. O governo antecipou para janeiro de 2027 o aumento do imposto para kits de veículos eletrificados. Antes, a data era julho de 2028.
Ou seja: BYD, GWM e companhia vão ter de acelerar o processo de "nacionalização" de seus carros vendidos no Brasil se não quiserem perder dinheiro.
Na foto: híbridos da BYD chegando ao Brasil pelo Porto de Suape, em Pernambuco (Bloomberg).
O MELHOR DO INVESTNEWS
Selic deve permanecer nos 15% por um bom tempo
No alarms and no surprises, diria o Radiohead. O Copom manteve a Selic em 15%, como todo mundo esperava, e numa decisão unânime dos nove membros do Copom. A manutenção encerra uma sequência de sete altas na Selic, que saiu de 10,50% para o patamar atual.
A última vez em que uma reunião do Copom terminou com a taxa inalterada foi há exatamente um ano, em 31 de julho de 2024.
E a sinalização foi clara. No comunicado pós-reunião, o Comitê disse que vai manter os juros em 15% por um "período bastante prolongado”. Os fundos DI agradecem.
A ideia é ver se isso basta para que o IPCA convirja em direção à meta, de 3% ao ano. As altas até agora não chegaram perto desse objetivo. Há um ano, a inflação estava em 4,2%. De lá para cá, subiu para 5,3%.
Leia mais nesta reportagem do InvestNews.

Os EUA não têm alternativa ao café brasileiro. Ponto

De cada cinco xícaras de café que o mundo bebe, duas começaram a vida no Brasil. Se você tirar da conta café do tipo robusta, que serve mais para café solúvel, e ficar só com a variedade mais nobre, a arábica, a proporção é mais gritante ainda: metade de fazendas brasileiras.
E os Estados Unidos adoram arábica. 40% de todo o café que eles bebem vem de grãos brasileiros.
O nosso país colhe 40 milhões de sacas de arábica por ano. Isso é mais do que a produção combinada dos outros cinco maiores exportadores dessa variedade.
Pois é. Nem Colômbia nem México nem ninguém tem condições de suprir a falta que o café brasileiro faria sob uma tarifa de 50%.
Se os americanos, então, não quiserem trocar o café normal por café solúvel, vão ter de incluir os grãos brasileiros às isenções ao tarifaço. A ver.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
18%
Foi quanto um grupo liderado por Rafael Ferri levou da Toky – a dona da Mobly e da Tok&Stok.
A fatia fazia parte dos 42,7% que a antiga controladora, a Home24, colocou à venda. O resto ficou com as gestoras Latache e DSK.
Com a nova posição, Ferri já está indicando um novo presidente para o conselho de administração: Edison Ticle, CFO da Minerva.
UMA FRASE
“Temos um mandato... não consideramos as necessidades fiscais do governo federal.”
UM GRÁFICO

A Embraer tinha um cargueiro lotado de argumentos para ficar de fora da tarifa de 50%, como acabou acontecendo. Ela emprega 3 mil pessoas nos EUA e cria mais 10 mil vagas indiretas, em fornecedores e prestadores de serviços.
A tarifa para aeronaves e peças sempre foi zero nos EUA. Em abril, passou para os 10% de agora. O impacto para a Embraer foi relativamente pequeno, de 0,9 ponto percentual na margem de lucro. Mas claro: 50% seria praticamente um embargo comercial.
Quando veio o anúncio de que a Embraer tinha escapado, a ação levou uma injeção de adrenalina: salto de 14% em duas horas, entre o ponto mais baixo do pregão e o fechamento. No dia, a alta foi 11%.
É isso. Boa quinta-feira!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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