O morde e assopra do IR de 17,5%

🔋 Moura: do chumbo ao lítio | 🏭 Petrobras quer mais voz na Braskem

Alexandre Versignassi

Ouça a versão em áudio:

O morde e assopra do IR de 17,5% 

O IR novo que Haddad anunciou tem uma característica peculiar: bate de um lado e acaricia de outro. É a taxa unificada de 17,5% para a renda fixa. Antes, o IR punia quem guardasse dinheiro por pouco tempo e incentivava a poupança de longo prazo. Agora, na prática, é o contrário.   

  • Quem guarda por até 6 meses paga 22,5% em cima do rendimento. Com a tarifa nova, vai pagar só 17,5%. Essa é a parte em que o IR novo acaricia. Ok.

  • E tem aquela parte em que o IR bate. Quem guarda o dinheiro por mais de 720 dias paga só 15% hoje. Com a tarifa nova, vai ceder ao governo 17,5%. Ou seja, a poupança de longo prazo acaba castigada.        

Um fato: 65% do estoque de dinheiro no Tesouro Direto, por exemplo, está na forma de títulos prefixados ou do tipo IPCA+, justamente onde a grana tende a ficar parada por mais de dois anos. Agora, pagando mais imposto do que antes.    

Hoje vamos falar sobre:

🏭 Petrobras quer mais voz na Braskem

🔋 Moura: do chumbo ao lítio

🧑‍⚖️ O próximo Powell

🍻 Cerveja no almoço e na janta

HIGHLIGHTS

🏭 Petrobras quer mais voz na Braskem

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que a estatal quer ter mais influência na gestão da Braskem. Hoje, a petroleira detém 47% das ações com direito a voto na petroquímica. Outros 50% estão com a Novonor (ex-Odebrecht), que negocia vender sua fatia ao empresário Nelson Tanure.

🛏️ Sem produto, sem vez

A MMartan é a principal marca da Ammo Varejo, braço da Coteminas – em recuperação judicial desde 2024. Franqueados da rede estão reclamando que não foram incluídos como credores no plano de recuperação. Segundo eles, há mais de 5 anos, a Coteminas não fornece produtos suficientes para abastecer as lojas – o que travou as vendas e deu em prejuízos milionários.  

💦 Por água abaixo

A britânica Hochschild inaugurou sua mina de ouro em Mara Rosa (GO) há pouco mais de um ano. Na terça, ela anunciou que vai paralisar as operações por seis semanas para fazer uma manutenção emergencial, depois de chuvas fortes por lá. Agora, a meta de produzir mais de 94 mil onças neste ano ficou praticamente inalcançável.

UMA IMAGEM

Na foto: Scott Bessent, o equivalente a ministro da Fazenda dos EUA e principal articulador nas conversas sobre tarifas com a China. Segundo a Bloomberg, ele está entre os cotados para substituir Jerome Powell no comando do Fed. Na sexta, Trump disse que vai anunciar “muito em breve” quem assumirá o banco central dos EUA – Powell deixa o cargo em maio de 2026.

O MELHOR DO INVESTNEWS

Na transição energética, a Moura precisa reinventar seu principal negócio

A Moura não chega a ser um Bombril ou uma Gillette. Mas está quase lá. As baterias dessa empresa pernambucana estão em 6 de cada 10 carros brasileiros. Só que a tecnologia que tornou ela gigante nada tem a ver com as baterias modernas, de lítio. Mas a Moura começa a dar passos firmes para além das baterias de chumbo

  • Recentemente, ela lançou dois modelos de lítio, uma bateria de 12V e outra de 40V. Elas servem para equipar híbridos leves. São carros em que o motor elétrico não serve para tracionar as rodas, só para dar um empurrão extra na correia do motor a combustão.

  • Esse é um primeiro ensaio para, um dia, fabricar baterias para carros 100% elétricos, que usam baterias de 300V para cima.

Além disso, a empresa também faz baterias para outro mercado que tem crescido: o de armazenar energia de fontes intermitentes, caso da eólica e da solar. Pois é. O mercado de estocar vento. 

Indústria plant-based se agarra a um novo tipo de consumidor: os flexitarianos

Durante a pandemia, quem estava trancafiado em casa aproveitou para experimentar coisas novas. Alguns aprenderam a fazer pão, a praticar yoga, a apostar em bitcoin. Outros decidiram dar uma chance às carnes à base de plantas – um mercado que, antes, se restringia aos vegetarianos e veganos. Com o novo público, a indústria plant-based floresceu de vez.

  • Mas é aquilo: nenhum hábito da pandemia durou muito. Depois do lockdown, a demanda por alternativas à carne esfriou. Com despesas acima da receita em 2022 e 2023, a Impossible Foods, segunda maior do setor nos EUA, fez demissões em massa para equilibrar o caixa.

  • Agora, a empresa tenta se reposicionar para atrair os “flexitarianos” – pessoas que ainda comem carne, mas querem reduzir o consumo. Ela trocou a cor das embalagens de verde para vermelho, numa tentativa de fugir do estigma ativista. E até contratou um campeão de comer cachorro-quente como embaixador da marca.

UM NÚMERO

3,8%

Deve ser o crescimento médio das economias emergentes em 2025, segundo o Banco Mundial. Menor que os 4,2% do ano passado.

  • Neste ano, a guerra comercial dos EUA deve frear o crescimento de dois terços dos países em desenvolvimento. 

  • É que os países mais pobres se beneficiaram muito da globalização das últimas décadas. Mas essa integração econômica, sabemos, está acabando. Para o banco, o comércio global de bens e serviços deve crescer só 1,8%, contra 3,4% no ano passado.

UMA FRASE

Como líderes da categoria [de cervejas], temos a função de educar os brasileiros de que isso é possível.

Carlos Lisboa, o novo CEO da Ambev, ao Brazil Journal. “Isso”, no caso, é tomar cerveja no almoço e na janta. O consumo per capita de cerveja no Brasil não está longe do de países bem mais ricos: são 75 litros por ano, contra 90 a 100 nos EUA e na Europa. Para o CEO, esse número ainda pode crescer – basta convencer o brasileiro a abrir uma latinha em mais ocasiões da semana.

VALE PARAR PARA LER

🧓 Economia prateada

Em maio, a Dinamarca elevou a idade mínima de aposentadoria para 70 anos, a mais alta da Europa. Desde 2006, o país revisa esse número a cada 5 anos, com base na expectativa de vida dos cidadãos – um jeito quase automático de equilibrar o sistema previdenciário diante do envelhecimento da população de lá, que hoje vive em média 82 anos. O Brasil não está tão longe. A média por aqui é de 76 anos.  

É isso. Boa quarta-feira!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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