Como a Marcopolo driblou o marasmo

🪙 Por que o BC ‘desligou’ o Drex? | ✂️ Corte de gastos no GPA

Ouça a versão em áudio:

Marcopolo se apoia na operação internacional e registra margens recordes

Depois de uma década em que o Brasil praticamente parou de renovar suas frotas de ônibus, a Marcopolo chegou ao maior patamar de margem bruta da sua história: 26,7% – mais de 9 pontos acima da margem de exatos dez anos atrás.

  • A ironia é que esse desempenho ocorre, de fato, em meio a um marasmo: o mercado brasileiro de ônibus continua travado. E a eletrificação dos veículos pesados, vista como chave para destravar a renovação das frotas, ainda não avançou como o esperado.

  • O resultado da Marcopolo reflete uma adaptação darwiniana a um ambiente hostil. Uma das soluções ali foi ampliar a presença fora do Brasil: hoje, as exportações chegam a mais de 140 países.

A empresa gaúcha de ônibus reforçou fábricas na América Latina, na África do Sul e na Austrália. De outro lado, reduziu a exposição a mercados de margens estreitas, como Índia e Egito. Nessa, o mercado externo ganhou mais relevância: no 3º trimestre, foi responsável por 50% da receita da companhia.

Hoje vamos falar sobre:

🚆 O spin-off da CSN

🪙 Por que o BC ‘desligou’ o Drex?

🇨🇳 Os setores em que a China controla o jogo

✂️ Corte de gastos no GPA

HIGHLIGHTS

⚡ O efeito Eletronuclear na Eletrobras

A Eletrobras (agora Axia Energia) divulgou um prejuízo de R$ 5,4 bilhões no 3º trimestre. É que, antes, ela considerava que a Eletronuclear valia quase R$ 8 bilhões. Mas, em outubro, vendeu a companhia por R$ 535 milhões. Então, precisou dar baixa de R$ 7,2 bilhões no balanço. Por outro lado, tendo registrado um prejuízo, ela ganha desconto em impostos. 

🚆 O spin-off da CSN

A CSN vai criar uma nova empresa: a CSN Infraestrutura, que reunirá as ferrovias, portos e rodovias do conglomerado. A ideia é usar a subsidiária para atrair novos investidores, seja com a venda de participação ou um IPO. Assim, o grupo pretende levantar recursos para reduzir a dívida, hoje em torno de R$ 37 bilhões.

🏭 Nippon Steel vende participação na Usiminas 

A Nippon Steel, uma das fundadoras da Usiminas, vendeu toda sua fatia de 22% na siderúrgica. Quem comprou foi a Ternium, que já tinha uma participação relevante ali. Agora, ela fica com 93% das ações com direito a voto. Os outros 7% estão com o fundo de pensão dos funcionários da Usiminas.

UMA IMAGEM

A Kepler Weber está negociando uma fusão com a americana GSI. Segundo o Citi, se o negócio vingar, dará origem a uma multinacional de armazenagem de grãos sem paralelo no Brasil.

  • Por aqui, a Kepler tem cerca de 35% do mercado de silos. A GSI, uns 7%. Juntas, então, elas teriam quase metade do setor. 

  • Ontem, após a notícia da possível fusão, as ações da Kepler fecharam em alta de 6%.

Na foto: silos da Kepler Weber (Divulgação)

O MELHOR DO INVESTNEWS

Por que o BC ‘desligou’ o Drex?

O Drex não é exatamente uma moeda. É um sistema. Uma rede em que o dinheiro e certas coisas que você compra com dinheiro moram juntos. Isso muda tudo. Num mundo com o Drex em ação, você compra um carro e a documentação vai para o seu nome no ato, sem cartório. 

  • O Drex começou a ser discutido em agosto de 2020. Desde lá, passou pelas fases 1 e 2. Nessas etapas, ele funcionou em uma blockchain – a tecnologia que estreou com o bitcoin, em 2009.

  • Mas o BC esbarrou em alguns problemas de privacidade nesse modelo. Na blockchain, não existe botão delete: todas as transações ficam registradas ali para sempre. Mas a Lei Geral de Proteção de Dados exige que certas informações possam ser apagadas. 

Por isso, o BC decidiu aposentar a blockchain usada até agora no projeto. O Drex, em si, continua vivo: a fase 3 está mantida para 2026 – com uma tecnologia que ainda não foi definida. 

Baterias, chips e remédios: os setores em que a China controla o jogo

A China detém 90% da produção global de terras raras – e ameaçou restringir suas exportações. Por ora, os EUA conseguiram um acordo para manter o fluxo. Mas essa não é a única carta na manga de Pequim. O domínio chinês se estende por outros setores estratégicos: 

  • Baterias de íon-lítio: elas são usadas em carros elétricos, em usinas solares e eólicas. Quase toda a matéria-prima vem da China – tipo, 80% do cobalto e 98% do grafite refinados. 

  • Semicondutores: o Ocidente proíbe suas empresas de vender chips de ponta para a China. Por isso, o país ficou para trás nas tecnologias mais avançadas. Ainda assim, responde por 33% da produção mundial de chips simples – ainda usados em praticamente tudo que é eletrônico. 

Fármacos: nos EUA, 90% do ibuprofeno e 72% do paracetamol importados vêm da China. Esses são os ingredientes principais do Advil e do Tylenol, por exemplo.

Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português. 

UM NÚMERO

R$ 800 milhões

O GPA lançou um plano para economizar até R$ 800 milhões por ano.

  • Isso inclui a demissão de mais de 700 funcionários e corte em novos investimentos.

  • O movimento marca a primeira guinada sob o comando da família Coelho Diniz, que se tornou a maior acionista da companhia este ano.

UMA FRASE

“Acho que existe uma percepção equivocada de que os bancos preferem taxas de juros elevadas. (...) Juros baixos são bons para todos – é nesse cenário que os bancos crescem mais.”

Milton Maluhy Filho, o CEO do Itaú Unibanco. Ele comentava uma fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que os bancos pressionam o BC a manter o aperto monetário. O executivo argumenta que, com juros altos, a procura por crédito cai – o que, claro, prejudica os bancos. Ontem, aliás, o BC manteve a Selic em 15% e falou num “período bastante prolongado” de aperto.

VALE PARAR PARA LER

🍕 Delivery no radar do Cade

O Cade decidiu monitorar o mercado de delivery em cinco cidades: São Paulo, Santos, São Vicente, Goiânia e Rio de Janeiro. A ideia é ver se iFood, Rappi, Keeta ou 99Food estão adotando práticas anticompetitivas, como acordos de exclusividade com restaurantes.

É isso. Boa quinta-feira!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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