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Trump X Fed: como isso mexe no seu bolso

🏗️ A insustentável leveza do aço chinês | ⛏️ CBA pode mudar de dono

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Alexandre Versignassi

Ouça a versão em áudio:

Trump versus Fed: como isso mexe no seu bolso

Direto ao ponto. O que Trump quer são juros mais baixos nos EUA. Isso faz a economia crescer, o que sempre traz bons dividendos políticos. Caso ele consiga, os efeitos de curto prazo valem para o mundo inteiro, Brasil incluído. O dólar perde força. Isso reduz os preços das importações. E pressiona a inflação para baixo. 

  • Selic existe para combater inflação. Com um IPCA mais comportado, cresce a expectativa para que os juros comecem a cair por aqui. Tudo bem, então? Claro que não.

  • Bancos centrais independentes, como o Fed e o nosso, existem para que o combate à inflação não fique refém da política. “Independência”, nesse caso, é algo simples: o presidente do país não pode demitir diretores do Fed – a não ser que a pessoa tenha cometido um crime.

  • Trump usou esse expediente, de forma inédita, para demitir a diretora Lisa Cook, membro do Fomc, o “Copom” americano. Acusou-a de mentir num financiamento imobiliário para pagar prestações mais baixas; um crime financeiro. 

Cook não aceitou a demissão, já que pode recorrer. Caso Trump consiga substituí-la, vai nomear um diretor que vote por cortes maiores nos juros, como ele deseja. Mas é aquilo. Se os juros caírem num ritmo maior do que deveriam, a inflação sai do controle. E o único remédio, lá no futuro, serão juros ainda maiores, por ainda mais tempo – péssimo negócio para a economia global.        

Hoje vamos falar sobre:

⛏️ CBA pode mudar de dono

🏦 Virgo coloca controle à venda

⚓ Um novo porto em SC

🏗️ A insustentável leveza do aço chinês

HIGHLIGHTS

⛏️ CBA pode mudar de dono

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) contratou o banco Moelis para vender o projeto Rondon, mina de bauxita no Pará. Mas, segundo o Valor, a negociação pode evoluir para a venda da companhia inteira. O mercado gostou da ideia: as ações fecharam em alta 6,6% ontem. Hoje, a CBA é controlada pelo grupo Votorantim. Entre os interessados no negócio, estariam as mineradoras Rio Tinto, Alcoa e Chinalco.

🏥 Oncoclínicas vende outro hospital

A Oncoclínicas se desfez de mais um hospital: o UMC, em Uberlândia, vendido por R$ 120 milhões. Dois dias antes, já havia anunciado a venda do Hospital Marcos Moraes, no Rio, para a Hapvida. Faz parte da estratégia de se desfazer de ativos para reduzir a dívida. A ideia é começar a concentrar os esforços no core da empresa: hospitais e clínicas voltados ao tratamento de câncer.

🛣️ Ecorodovias renova concessão da BR-101

A Ecorodovias renovou o contrato para administrar a BR-101 no trecho entre Espírito Santo e Bahia por mais 24 anos. O governo federal até abriu um leilão para ver se outra empresa estaria interessada, mas ninguém se manifestou.

UMA IMAGEM

Ontem, o presidente Lula reuniu ministros para definir as prioridades do governo em 2026. O dress code ali contou com um item extra: um boné azul estampado com a frase “O Brasil é dos brasileiros” – slogan nacionalista adotado desde que Trump intensificou as ameaças ao país.

  • Foi uma resposta à nova ameaça de Trump, feita na noite anterior: retaliar países que criarem regulações ou impostos sobre as big techs americanas.

  • O governo pretende enviar ao Congresso dois projetos de lei para regular as big techs: um sobre monetização e prevenção de golpes nas redes, outro contra práticas econômicas que consideram anticompetitivas. 

Na foto: a reunião ministerial, no Palácio do Planalto (Agência Brasil).

O MELHOR DO INVESTNEWS

Após crise de governança, Virgo coloca controle à venda

O futuro da Virgo, segunda maior securitizadora do país, pode ser definido ainda nesta semana. O fundador Ivo Kos contratou a assessoria CVPar para conduzir a venda da empresa – e a meta é fechar negócio até sexta-feira.

  • O plano foi apresentado em uma reunião com gestoras que possuem CRIs da Virgo. A ideia é coordenar o grupo para evitar uma liquidação em massa, o que poderia puxar o preço de venda para baixo. 

  • Segundo fontes ouvidas pelo InvestNews, as gestoras Reag e Pátria já trataram com Kos sobre uma possível compra – mas analisam o negócio com cautela, diante da perda de credibilidade da securitizadora.

Momento relembre-o-caso: a Virgo usou indevidamente recursos de um fundo de reserva de CRIs – que, em tese, deveria estar aplicado em ativos seguros, como um colchão de emergência para eventuais chabus nas operações. Em vez disso, direcionou o dinheiro para a emissão de outro CRI, numa operação de risco.

Como o protecionismo de Trump atrapalha essa fabricante americana de tratores

A AGCO é uma fabricante americana de máquinas agrícolas. Há anos, ela tenta expandir seus negócios nos EUA – onde ocupa o 3º lugar em um mercado dominado, essencialmente, por apenas três empresas. Mas o plano ficou mais difícil agora, por causa do tarifaço.

  • Hoje, a América do Norte é responsável por só 24% da receita da AGCO. O grosso do faturamento ali vem da Europa, que responde por 60% do total. E é no Velho Continente, também, que a empresa concentra a maior parte de sua produção. 

  • Há também fábricas no México, na Argentina, na China e no Brasil – três no Rio Grande do Sul e uma em São Paulo. Por aqui, eles fabricam tratores, pulverizadores, colheitadeiras.

  • Ao todo, 35% das vendas da AGCO nos EUA são de produtos importados. Isso significa que mais de um terço do portfólio por lá deve subir de preço agora, por cortesia das tarifas. No caso do Brasil, a companhia considera deslocar a produção caso a sobretaxa de 50% se prolongue.

Uma alternativa seria aumentar a produção nos EUA. Mas a AGCO avalia que não tem vendas suficientes por lá para justificar a mudança. E prevê que, quando começar a repassar os custos das tarifas ao consumidor, a demanda esfrie ainda mais.

Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.

UM NÚMERO

R$ 3 bilhões

É o valor que a Coamo, maior cooperativa agrícola do Brasil, vai investir na construção de um porto em Itapoá (SC). 

  • O terminal deve ficar pronto em 2030 e terá capacidade para movimentar 11 milhões de toneladas por ano – entre grãos, fertilizantes, combustíveis e GLP (o gás de botijão).

  • Hoje, a Coamo possui 32 mil associados, e escoa quase 5 milhões de toneladas por ano pelo porto de Paranaguá (PR), onde já tem dois terminais.

UMA FRASE

“Estamos em um ponto de quase insustentabilidade. Não dá para conviver com aço subsidiado, com desconto para exportação e toda sorte de participação do governo chinês nas empresas.”

André Johannpeter, presidente do conselho da Gerdau, durante o Congresso Aço Brasil. Já há algum tempo, a empresa reclama do avanço do aço chinês no país. Em sete anos, o aço importado cresceu de 10% para 23% do consumo interno. Resultado: hoje, 35% das fábricas de aço no Brasil estão paradas – quase o dobro do que seria considerado normal. No início do mês, a Gerdau anunciou corte nos investimentos por conta da ociosidade, e ontem foi a vez de a ArcelorMittal sinalizar que também pode adiar novos planos.

VALE PARAR PARA LER

✈️ Caça-talentos

Em 2023, a Embraer foi à Justiça acusando a Boeing de contratar engenheiros brasileiros de forma predatória. Agora, o juiz entendeu que a americana realmente é agressiva nas contratações, mas que os profissionais têm direito de procurar novas empregadoras. Então, na prática, a Boeing está liberada para continuar contratando engenheiros por aqui.

É isso. Boa quarta-feira!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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