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A cartada da Ambev para romper a inércia
⛏️ China fecha a torneira das terras raras | 🤖 O robozinho vendedor de passagens
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
O jogo da Ambev: como o novo CEO tenta romper a inércia da maior cervejaria da América Latina
A Ambev inovou um bocado nos últimos dez anos. Para competir com a avalanche de cervejas premium no mercado, ela criou a Brahma Duplo Malte e trouxe a Beck’s e a Spaten. Também lançou o Zé Delivery, que ajudou a aproximar a empresa dos bebedores e reduziu a dependência de bares e supermercados.
Mas nada disso ajudou a tirar a Ambev de um platô. Entre 2014 e 2024, o volume de vendas aumentou só 6% – de 17 para 18 bilhões de litros por ano. Praticamente em linha com o crescimento da população brasileira, que cresceu 5% no período. Mais: corrigido pela inflação, o lucro líquido ali encolheu mais de 30% na década.
Carlos Lisboa assumiu a companhia neste ano com a missão de tirá-la da inércia. Ele reuniu 150 veteranos da Ambev para entender quais deveriam ser as novas prioridades. O consenso: era hora de resgatar a Skol. Em 2024, a marca começou a perder espaço – especialmente no Nordeste, onde sempre foi líder.
Mesmo com a “premiumnização” dos últimos anos, as marcas populares – tipo Skol, Brahma e Antarctica – ainda respondem por cerca de 70% das vendas de cerveja da empresa. Negligenciá-las, portanto, seria um erro estratégico. O bom filho à casa torna, diz o ditado.
Leia mais nesta reportagem de Rikardy Tooge.
Hoje vamos falar sobre:
💉 Caneta da EMS anima ações da RD
🤖 O robozinho vendedor de passagens
📦 O boom dos galpões
⛏️ China fecha a torneira das terras raras
HIGHLIGHTS
🥩 BRF e Marfrig têm pressa
A BRF e a Marfrig querem que o Cade autorize logo a fusão entre elas. Para isso, pediram que o processo siga em rito sumário – mais rápido que o processo padrão, chamado de rito ordinário. As empresas argumentam que o Cade já analisou a relação entre elas antes, e que a fusão não mudará o controle – já que Marcos Molina é o acionista majoritário das duas.
🇨🇦 Bye bye Toronto
Depois de abrir capital na Nasdaq em julho, a Aura Minerals agora se prepara para deixar a Bolsa de Toronto. A mineradora decidiu migrar para os EUA para atrair mais investidores. Só que manter a listagem em duas bolsas é caro e burocrático – por isso, ela vai concentrar tudo nos EUA mesmo. Por aqui, os BDRs continuarão listados na B3, mas agora com lastro nas ações da Nasdaq.
💉 Caneta da EMS anima ações da RD
As ações da RD Saúde subiram mais de 8% no pregão de ontem. Pelo seguinte: ontem, a EMS começou a vender as primeiras canetas contra obesidade produzidas 100% no Brasil. O medicamento é menos eficaz que o Ozempic ou o Wegovy – só que mais barato também. A expectativa é que ele ajude a levar mais consumidores às farmácias.


Delta sofre críticas por usar IA para definir tarifas aéreas
O voo do 14-bis talvez tenha sido o último que não usou um algoritmo para definir o valor das passagens – e cobrar o máximo que as pessoas estejam dispostas a pagar. Agora, na era da IA, isso está evoluindo. Em julho, a Delta Airlines se gabou por ter adotado inteligência artificial para aprimorar seu sistema.
O problema é que isso atiçou a ira de alguns senadores americanos, que agora pedem explicações à Delta.
Natural. Os congressistas temem que o sistema busque informações pessoais de cada cliente para saber a motivação de uma viagem.
Por exemplo: se você estiver buscando uma passagem para o casamento do seu irmão, tende a aceitar preços mais altos.
Fato é que um bom sistema de IA conseguiria detectar algo assim buscando em redes sociais. A Delta nega. Diz que seu robô não fuça a vida dos clientes – só os padrões de oferta e demanda e os preços da concorrência. Mas a possibilidade deixou de ser ficção científica.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
25 anos
A petroleira britânica BP anunciou ontem uma nova descoberta de petróleo e gás natural no pré-sal. Segundo ela, trata-se de seu maior achado dos últimos 25 anos.
Mas tem um problema: o reservatório parece concentrar muito dióxido de carbono. Se o CO₂ entra no balaio da extração, pode corroer os dutos que levam o gás natural até a superfície.
Por isso, ele precisa ser separado antes – o que exige mais tecnologia e encarece a produção.
UMA FRASE
“Não preciso ficar subordinado ao dólar.”
UM GRÁFICO

O Brasil tem 40 milhões de metros quadrados em galpões de logística – contando só os locáveis, aqueles que qualquer empresa pode alugar. Dá 5,6 mil campos de futebol. Enfileirados, eles cobririam quase 590 quilômetros, a distância entre São Paulo e Belo Horizonte.
7% desse latifúndio logístico foi construído pela Log CP, da família Menin. São 2,7 milhões de metros quadrados. E eles pretendem fazer mais 2 milhões até 2028. A taxa de ocupação do portfólio é de 99%.
Mesmo assim, o lucro da empresa caiu 5% de um ano para cá. É que outro negócio ali é a venda de galpões. E quem compra, para lucrar com os aluguéis, tem exigido um desconto maior, já que esse tipo de investimento vale menos a pena quando a Selic está em Júpiter.
VALE PARAR PARA LER
⛏️ China fecha a torneira das terras raras
Pequim está mesmo limitando o fornecimento de terras raras para a indústria bélica do Ocidente. O Wall Street Journal apurou que um fabricante de drones militares dos EUA teve de suspender as entregas até encontrar um fornecedor não chinês do insumo – essencial para os armamentos de hoje. Uma alternativa é o Brasil, rico em terras raras. Mas nossa produção ainda é baixa: só 0,01% da oferta global.
É isso. Boa terça-feira!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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