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Renault no divã
⚔️ Cabo de guerra no comando do GPA | 📑 A terceira voz na venda da Braskem
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Renault no divã: o desafio de voltar a ser relevante no Brasil
A Renault vive uma crise de identidade. Ela viveu o auge por aqui na década passada, quando chegou a disputar a 4ª posição entre as montadoras que mais vendiam. Agora, caiu para a 9ª. E tenta uma transmutação.
A Renault tinha ganhado espaço com modelos robustos e baratos: Logan, Sandero, Duster (todos projetados por uma montadora romena, a Dacia). Mas eles foram perdendo o brilho diante de concorrentes mais sofisticados.
Agora a montadora francesa aposta em carros mais caros. A começar pelo Boreal, um SUV a combustão que chega no fim do ano para disputar mercado com Jeep Compass e Corolla Cross.
Mas a metamorfose mesmo é outra: uma parceria com a chinesa Geely, dona da Volvo. A aliança é global e envolve o uso da plataforma deles para desenvolver híbridos e elétricos, justamente o que há de mais refinado hoje.
Do lado da Geely, a vantagem no Brasil é que ela aproveita a rede de concessionárias da Renault para vender os modelos que trouxer para cá. Ela começou agora em junho com o EX-5, um elétrico na casa dos R$ 200 mil.
Leia mais nesta reportagem de Greg Prudenciano.
Hoje vamos falar sobre:
📑 A terceira voz na venda da Braskem
⚔️ Cabo de guerra no comando do GPA
🇨🇭 Suíça questiona se a neutralidade ainda faz sentido
🍔 JBS: filé a preço de hambúrguer?
HIGHLIGHTS
📑 A terceira voz na venda da Braskem
O Cade reconheceu a Petrobras como terceira interessada na venda da Braskem. Recapitulando: a Novonor é dona de 50% do capital votante da petroquímica, e negocia vender sua fatia para Nelson Tanure. Mas a Petrobras, dona de outros 47% da companhia, reclamou por não ter sido informada das conversas. Como terceira interessada, ela terá acesso aos documentos do processo e poderá contestar qualquer decisão.
⛏️ BHP vende ativos no Brasil
Em 2023, a gigante da mineração BHP comprou a australiana Oz Minerals por US$ 6,3 bilhões. Nesse pacote, vieram também minas de cobre e de ouro no Brasil. Agora, a BHP decidiu vender esses ativos. Segundo o Pipeline, quem levou foi a mineradora turca Corex, por US$ 465 milhões.
🛵 99Food contra-ataca
A guerra das chinesas no delivery ganhou um novo capítulo. A 99Food entrou com ação contra a Keeta, acusando-a de copiar sua identidade visual – no amarelo, nas fontes e nos elementos gráficos. Dias atrás, a Keeta já havia processado a 99Food por exigir exclusividade de restaurantes parceiros. A Keeta estreia no Brasil em novembro, enquanto a 99Food retomou as operações por aqui em agosto.
O MELHOR DO INVESTNEWS
GPA: renúncias de conselheiros expõem cabo de guerra no comando

No domingo, dois conselheiros fiscais renunciaram aos cargos deles no GPA: André Nassar e Diego Mendes, ambos ligados ao investidor Rafael Ferri. O episódio escancarou uma disputa entre os principais acionistas da rede. Esses são os protagonistas:
De um lado, existe uma aliança entre a empresa francesa Casino e um grupo de acionistas capitaneado por Ronaldo Iabrudi. Juntos, eles detêm 45% da empresa, e representam a ala mais tradicional ali.
De outro, há um novo grupo de investidores liderado por Rafael Ferri. Eles dominam 8% do capital – e pressionam por uma mudança radical na estratégia da companhia.
No meio disso, o fiel da balança pode ser a família mineira Coelho Diniz – que aumentou recentemente a fatia dela no negócio, para 18%. Por ora, eles têm se mantido neutros na disputa. Mas a expectativa é que tomem um lado, mais cedo ou mais tarde.
Leia mais nesta reportagem de Raquel Brandão.


Suíça questiona se sua neutralidade ainda faz sentido
Há mais de 200 anos, a Suíça está em cima do muro. Ela se manteve neutra durante as duas guerras mundiais, se recusou a entrar para a União Europeia, não quis opinar sobre os conflitos na Ucrânia, no Iraque, no Vietnã. Nem nas Guerras Púnicas da Roma Antiga eles devem ter dado pitaco.
Fato é que os helvéticos sempre cultivaram uma imagem de potência diplomática: o país abriga as sedes da Organização Mundial do Comércio e da Cruz Vermelha, recebe o Fórum de Davos, e costuma ser palco de acordos que encerram guerras.
Até aqui, a estratégia funcionou para manter a Suíça na dela, sem dor de cabeça com crises geopolíticas. Mas isso está mudando: em 1º de agosto, Trump anunciou tarifas de 39% sobre o país – a 3º maior alíquota, e bem acima dos 15% impostos à União Europeia.
Os EUA são o maior mercado da Suíça. Entre relógios, chocolates e remédios, o país dos Alpes somou um superávit de US$ 48 bilhões na primeira metade de 2025 – o triplo do Reino Unido, por exemplo. Um incômodo para Trump, que não suporta ver a balança pender contra os americanos – haja diplomacia ou não.
Mais que um dilema econômico, as tarifas abriram para a Suíça uma questão existencial: faz sentido seguir neutra em um mundo que já não valoriza diplomacia, globalização e multilateralismo? Talvez não.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
10,6%
Foi quanto as ações da Raízen subiram no pregão de ontem. Isso depois da notícia de que a Petrobras estaria avaliando entrar no capital da empresa ou comprar parte de seus ativos.
A Raízen é uma joint venture da Cosan com a Shell, e a maior produtora mundial de etanol de cana-de-açúcar. A empreitada, então, marcaria a volta da Petrobras ao setor de etanol – um plano anunciado no ano passado.
Fontes do O Globo disseram que a decisão final sobre o negócio deve sair até o fim deste ano. Mas, no fim do dia, a estatal negou qualquer projeto de investimento na Raízen.
UMA FRASE
“Pelo andar dos acontecimentos, eu acredito que o comércio bilateral, infelizmente, vai cair ainda mais”
VALE PARAR PARA LER
🍔 JBS: filé a preço de hambúrguer?
O mercado americano ainda não comprou a tese da JBS. Desde a estreia em NY, há dois meses, a ação sobe só 3% e segue descontada frente a rivais gringas, como a Tyson Foods – mesmo com crescimento maior de receita e de Ebitda nos últimos cinco anos. Para a revista americana Barron’s, a empresa é um “filé” tratado como “carne de hambúrguer”. Ela recomenda compra, mas diz que a JBS precisa melhorar a comunicação com os investidores.
⚙️ O estranho caso do vanádio
Pentóxido de Vanádio – com todo respeito. Esse palavrão é o nome de um mineral usado na produção de aços mais resistentes para oleodutos e aviões, por exemplo. O Brasil fornece 60% de todo vanádio que os EUA consomem. Mesmo assim, ele não escapou do tarifaço. Isso surpreendeu o setor – já que, via de regra, Trump só tarifou minerais que competiam com a produção interna dos EUA. Não é o caso do vanádio, que não tem produção relevante por lá.
É isso. Até amanhã!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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