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O artífice do acordo EUA-China
👟 Nike e Adidas já não correm sozinhas | 💼 A nova era do trabalho nos EUA
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Um ‘adulto na sala’ no acordo entre China e Estados Unidos
Scott Bessent, o equivalente a Ministro da Fazenda dos Estados Unidos, foi o craque da rodada neste fim de semana. Ele conduziu as conversas sobre tarifas com a China. E optou por uma postura mais racional que a de Trump, que chegou a dizer na sexta-feira que uma taxa de 80% “parecia razoável”. Para o mercado, ficou a sensação de que existe um “adulto na sala” na Casa Branca: menos ideologia, mais estratégia.
Você já sabe: os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo sobre as tarifas. Pelos próximos 90 dias, as taxas americanas sobre produtos chineses caem para 30%, e as tarifas chinesas sobre os produtos americanos vão ficar em 10%.Um alívio diante dos mais de 100% que estavam em voga até ontem.
Depois do acordo, Bessent afirmou que “nenhum dos lados deseja uma dissociação” e que uma tarifa muito alta funciona, na prática, como embargo econômico – algo que não interessa a ninguém.
E o mercado guardou o pessimismo na gaveta, por enquanto: na segunda, o S&P 500 subiu 3,26% e o Nasdaq disparou 4,35%.
Hoje vamos falar sobre:
👟 Nike e Adidas já não correm sozinhas
💼 A nova era do trabalho nos EUA
HIGHLIGHTS
💵 A Petrobras e os petrodólares
A Petrobras lucrou R$ 35 bilhões no 1º trimestre, uma alta anual de 48,6%. O boom veio, em grande parte, da alta de 7% do real ante o dólar entre janeiro e março. Como uma fatia considerável da dívida da empresa está em dólar, a valorização da moeda brasileira reduz o valor desses passivos em reais; bom para o balanço.
💧 Sabesp nada de braçada
Já o lucro da Sabesp subiu 80% no 1º trimestre, para R$ 1,48 bilhão. Entre outros fatores, o resultado ainda tem a ver com o reajuste implementado em maio de 2024, que encareceu as tarifas em 6,44%. O CEO, Daniel Szlak, avisou que essa taxa de crescimento não deve se repetir.
🌾 Raízen corta pela raiz
A Raízen vendeu a usina de Leme, de açúcar e etanol, por R$ 425 milhões. A empresa tem hoje R$ 38 bilhões em dívidas, e vem enxugando a operação: já colocou à venda a participação dela na Oxxo, além de projetos de energia solar e de SAF, o combustível sustentável de aviação.
UMA IMAGEM

A ApexBrasil, agência de fomento ao comércio exterior, anunciou ontem US$ 27 bilhões em investimentos chineses no Brasil. Dentro do balaio, estão R$ 6 bilhões da GWM, para começar a produzir os carros híbridos e elétricos dela na fábrica de Iracemápolis (SP). E R$ 5,6 bilhões da Meituan, que chega para concorrer com o Ifood. Na imagem: Lula e Xi Jinping no Palácio da Alvorada, em novembro. Bloomberg
O MELHOR DO INVESTNEWS
Nike e Adidas já não correm sozinhas no mercado de tênis
A Nike e a Adidas ainda lideram com folga o mercado global de tênis: a Nike com uns 20% de market share, e a Adidas com 10%. Só que as duas gigantes têm perdido espaço para concorrentes do segundo pelotão – tipo Skechers, On e Hoka, além das chinesas Anta e Li-Ning.
Nike e Adidas conseguiram virar símbolos da cultura pop. Mas agora enfrentam um dilema: como continuar vendendo sem saturar seus modelos.
Para evitar o desgaste, a Nike decidiu reduzir a oferta dos Air Jordan 1 e Dunk, os tênis mais populares da marca. A ideia é aumentar a sensação de ‘produto exclusivo’; e poder cobrar mais por unidade.
Leia mais nesta reportagem de Rikardy Tooge.

‘Ninguém é insubstituível’: o novo mantra do mercado de trabalho

Foi-se o tempo das políticas de bem-estar no escritório. A filosofia corporativa começa a pender com força para o outro lado: trabalhar mais, reclamar menos e agradecer por ainda ter um crachá.
Nos últimos meses, vários CEOs perderam o medo de parecerem carrascos – e passaram a exigir mais dos funcionários. Jamie Dimon, do JPMorgan, disse que “já deu dessa história” de reclamar da volta ao escritório. Emma Grede, da grife Good American, mandou na lata: “equilíbrio entre vida pessoal e trabalho é problema seu”.
Trata-se de uma virada na balança do mercado de trabalho, já que as empresas americanas têm freado as contratações. Num mercado menos aquecido, os funcionários perdem poder de barganha.
É o oposto do que rolou em 2021, quando os Estados Unidos enfrentavam escassez de mão de obra e uma onda de demissões voluntárias. Foi ali que o tal “salário emocional” virou moda – com empresas tentando reter funcionários para além do contracheque. Agora, esquece.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UMA FRASE
“Como dizemos na China: se o prato está saboroso, não importa a hora de servir.”
UM GRÁFICO

A Tesla vendeu 336 mil carros entre janeiro e março. Foi um desabamento de 32% em relação ao trimestre anterior, e o pior resultado da empresa desde 2022. Parte do tombo tem a ver com o envolvimento de Musk no governo Trump, que desencadeou protestos contra a marca nos EUA e na Europa. Mas a montadora também sofre com a concorrência dos elétricos chineses; ao menos fora dos Estados Unidos: no mesmo período, a BYD vendeu 416 mil carros – 24% a mais que a Tesla.
VALE PARAR PARA LER
🇺🇸 O filho do rei
Logo após a eleição de Trump, seu filho Don Jr. virou sócio da 1789 Capital, uma gestora voltada a negócios “politicamente incorretos” – basicamente empresas de armamentos. Apesar pequena, a 1789 passou a ter acesso privilegiado a rodadas fechadas de investimento – inclusive em empresas com contratos bilionários com o governo.
É isso. Boa terça-feira!
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Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito