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Dólar: a maior queda desde 2009
✈️ Airbus vence Embraer | 🛢️ O leilão da ANP
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
A maior queda do dólar desde 2009
Ontem, o dólar fechou abaixo dos R$ 5,50 pela primeira vez no ano. Já faz um tempo que o dinheiro verde vem perdendo o viço: ele acumula uma queda de 11,3% em 2025, depois de ter fechado o ano passado em estonteantes R$ 6,18. Se o dólar terminar junho nesse patamar, este aqui vai ser o melhor semestre para o câmbio brasileiro em 16 anos.
Na verdade, pode ser o terceiro melhor no século. Só em 2009 e 2003 a moeda americana tombou mais de 11% de janeiro a junho, ou de julho a dezembro.
Não é só por aqui. O dólar tem perdido valor em relação à maioria das moedas. Contra as outras seis mais fortes do mundo, que compõem o índice DXY, a queda é de 9,5%.
Contra uma cesta de 25 moedas de países emergentes (yuan, rúpia e o escambau), queda também: de 6%.
Tudo isso é basicamente cortesia da dívida americana. A alta é de 27% em quatro anos. Ela subiu de US$ 28 trilhões em 2021 para US$ 36 trilhões agora em junho. Dá 124% do PIB deles. Quando a dívida do seu país cresce muito depressa, isso depõe contra a sustentabilidade da moeda que o seu país emite. E ela perde valor. Vale para todo mundo.
Hoje vamos falar sobre:
⛏️ Vale abre caminho em Canaã
🏋️ Ozempic e o mercado fitness
✈️ Airbus vence Embraer
🛢️ O leilão da ANP
HIGHLIGHTS
🪨 Pedra no caminho da fusão Marfrig-BRF
A CVM suspendeu a assembleia para votar a fusão entre Marfrig e BRF, marcada para quarta. Isso depois de uma reclamação da Latache Capital, acionista minoritário da BRF. A gestora alega que a documentação apresentada não foi suficiente, e que rolaria conflito de interesses numa eventual fusão.
⛏️ Vale abre caminho em Canaã
A Vale conseguiu uma licença prévia ambiental para a mineração de cobre em Canaã dos Carajás, no Pará. Trata-se da primeira etapa do processo de licenciamento ambiental. A Vale planeja começar a produção ali no 1º semestre de 2028, e deve investir US$ 290 milhões para implantar o projeto.
⏳ Invepar joga na prorrogação
Ontem, começou uma assembleia para decidir se a Invepar entrará em recuperação judicial. Mas a reunião foi suspensa. Vão retomar hoje, às 13h. A empresa quis ganhar tempo para convencer os credores a fecharem um acordo de standstill – ou seja, suspender temporariamente o pagamento de dívidas, o que dá fôlego para a empresa reestruturar as finanças sem a ajuda da Justiça.
O MELHOR DO INVESTNEWS
Como o Ozempic está impulsionando o mercado fitness no Brasil

O Brasil nunca malhou tanto. De 2019 a 2024, o número de alunos inscritos em academias cresceu 50%, de 10 milhões para 15 milhões. E a quantidade de academias quase dobrou no mesmo período – de 30 mil unidades para 57 mil. Nessa, o faturamento do setor saiu de R$ 11,8 bilhões para R$ 17 bilhões por ano, alta de 44%.
A SmartFit tem crescido vertiginosamente nos últimos anos. No 1º trimestre de 2025, a receita do grupo subiu 33% na comparação anual. Isso depois de um hat-trick: alta de 31% no faturamento em 2024; +45% em 2023 e +72% em 2022. Hoje, a empresa tem 2,3 milhões de alunos em 1,8 mil unidades.
Para o CEO da companhia, Edgard Corona, um dos motores desse crescimento é a popularização dos remédios para emagrecer. Pode parecer contraintuitivo, mas não é: o Ozempic reduz o apetite e desacelera a digestão. Com menos comida entrando, o corpo passa a buscar energia no que já tem – seja gordura ou músculo. Corona disse: “As pessoas perdem peso, mas também perdem músculo. A solução é ir para a academia”.
Leia mais nesta reportagem de Sérgio Tauhata.

Consumidores da China abrem a carteira, enquanto o ritmo de crescimento da indústria desacelera

As fábricas da China sentiram algum impacto das tarifas americanas no mês passado. Em maio, a produção industrial por lá cresceu 5,8% – não é pouco, mas fica abaixo dos 6,1% de abril e dos 7,7% de março.
Alguns economistas apostam que essa desaceleração deve continuar – já que, mesmo com a trégua recente, a tensão comercial entre os dois países não deve desaparecer do dia para a noite. Por isso, a consultoria Capital Economics espera que o PIB do país cresça 3,5% neste ano, abaixo da meta de 5%.
A sorte é que, mesmo antes das tarifas, o governo chinês já tentava estimular o crescimento com uma estratégia inédita por lá: incentivar os cidadãos a gastarem mais. No início do ano, lançou um programa de descontos para compra de eletrodomésticos e eletrônicos.
Com esse empurrão, as vendas no varejo têm crescido mais e mais: subiram 6,4% em maio, acima dos 5,1% de abril e 5,9% de março. Em terra de exportação tarifada, consumo interno é rei.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal.
UM NÚMERO
US$ 2,7 bilhões
É quanto a LOT Polish Airlines, principal empresa aérea da Polônia, vai pagar por 84 aviões A220 da Airbus. Trata-se de uma virada na estratégia da LOT, que até aqui comprava aviões da Boeing e da Embraer.
A Airbus é uma holding europeia com sede na França. Ontem, o anúncio do acordo contou com a presença de ministros da Polônia, da França e do Canadá – onde o A220 é montado.
A Embraer considerou a decisão estritamente política. Em nota, ela disse: “entendemos que vivemos um momento excepcional em que a geopolítica desempenha um papel importante”.
UM GRÁFICO

A guerra continua intensa no Oriente Médio, mas o petróleo não subiu tanto. O barril saltou de US$ 69 para US$ 78 na semana passada, mas já voltou para US$ 73. Um editorial do Wall Street Journal comenta:
Isso acontece porque a produção global está forte. A Arábia Saudita tem extraído mais. Brasil, Canadá e Guiana também. E os Estados Unidos bateram recorde de produção em março.
Também conta o fato de que o Irã responde por apenas 3% das exportações globais. Menos que o Brasil – sétimo maior exportador e responsável por 4%.
VALE PARAR PARA LER
🛢️O leilão da ANP
Falando em petróleo… Hoje, a Agência Nacional do Petróleo vai leiloar 172 novas áreas de exploração no Brasil. A esmagadora maioria fica em bacias onde ainda não há produção alguma – tipo Pelotas, no Rio Grande do Sul, Parecis, no Mato Grosso, e a Foz do Amazonas, no Amapá.
🔎 A mentira de Musk
Quando Elon Musk chefiava o Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, o órgão iniciou uma cruzada para cortar custos na agência de Seguro Social. O principal argumento era a ineficiência do sistema: segundo Musk, 40% das ligações recebidas ali seriam de golpistas tentando desviar benefícios. Só que essa afirmação era falsa. O NYT investigou o caso.
É isso. Boa terça-feira!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
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