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O tsunami das stable coins
💵 Vai-e-vem das tarifas | 🔁 O eterno retorno de Klein
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Stable coins movimentam mais dinheiro que o Tesouro Direto
Os brasileiros estão comprando mais stable coins do que títulos públicos pelo Tesouro Direto. Nos últimos 12 meses até abril, foram R$ 90 bilhões em aquisições, contra R$ 85 bi em Tesouro Selic, IPCA+, Renda+ e companhia. Stable coins, só para lembrar, são as criptos com lastro em dólar, aquelas que mantêm a cotação sempre 1:1.
A grande função delas é funcionar como um tipo de Pix internacional. As transferências são instantâneas – coisa que não existe no sistema bancário quando o assunto é mandar dinheiro para outros países.
Não faltam brasileiros que trabalham para empresas de fora recebendo os pagamentos em stable, por exemplo. O problema é combinar com as autoridades: cripto não paga IOF, afinal.
Não vai ser trivial regular essa modalidade. Mas os EUA estão dando um primeiro passo. Tramita no Congresso deles um Projeto de Lei para certificar as instituições financeiras que queiram emitir stable coins. O lance ali é exigir garantias sólidas de que os lastros em dólar existem mesmo.
Há US$ 250 bilhões na forma de stable coins. O Citibank projeta que, até 2030, vão ser US$ 3,7 trilhões. É muito: dá 18% da quantidade de dólares que estão hoje na forma de papel e de saldo nas contas correntes.
Hoje vamos falar sobre:
📅 A agenda de Tanure
🔁 O eterno retorno de Klein
💵 Vai-e-vem das tarifas
👛 A inflação do luxo
HIGHLIGHTS
🚢 Marinheiro só
A Transpetro, braço logístico da Petrobras, vai estrear no transporte fluvial – de petróleo, derivados e biocombustíveis. Nos próximos dias, ela vai lançar um edital para comprar as primeiras 9 embarcações. A meta é chegar a 44 até o fim de 2026.
📅 A agenda de Tanure
Nelson Tanure está com a agenda lotada. Esta semana, o empresário já teve reuniões com o Bradesco, Itaú, Santander e BNDES, segundo o Pipeline. Esses bancos são credores de R$ 15 bilhões da Novonor – e vão precisar dar a bênção caso Tanure faça uma oferta pelo controle da Braskem.
🔌 Data centers em Pecém
O Operador Nacional do Sistema Elétrico emitiu as primeiras autorizações para instalar data centers no Nordeste. Os dois projetos serão construídos no Porto do Pecém, no Ceará – um local estratégico por ser ponto de chegada de cabos submarinos de internet. Ou seja: os data centers instalados ali conseguem distribuir dados pelo mundo de forma mais direta, com menos risco de instabilidade.
UMA IMAGEM

Nos EUA, segurança jurídica é coisa do passado. O vai-e-vem das tarifas, por ora, está assim:
Na noite de quarta, o Tribunal de Comércio Internacional deles suspendeu as chamadas “tarifas recíprocas” de Trump, aquelas que taxavam o resto do mundo em, no mínimo, 10%. Segundo a Corte, o presidente não tinha autoridade para impor essa medida sozinho – precisava ter consultado o Congresso.
Só que, ontem, o Tribunal de Apelações suspendeu a suspensão. Ou seja: as tarifas voltaram a valer, ao menos temporariamente, enquanto esses outros juízes analisam o caso.
Peter Navarro, conselheiro econômico de Trump e arquiteto das tarifas, disse que o governo pretende aplicá-las “por outros meios” caso perca as disputas judiciais.
Na foto: Peter Navarro (Bloomberg).

A inflação do luxo

Marcas de luxo costumam resistir bem à inflação. Claro: a maioria dos consumidores aí é de alta renda, capazes de continuar comprando quando os preços aumentam. Mas, recentemente, as empresas têm percebido que não dá para inflar as etiquetas ad infinitum sem espantar a parcela dos aspiracionais – uma classe média que se esforça para alcançar esses objetos de desejo.
Durante a pandemia, sem poder sair de casa, muita gente conseguiu economizar – e usou a grana extra para se mimar com alguns luxos. Com a demanda em alta, as grifes capricharam nos reajustes: entre 2020 e 2023, a Dior subiu os preços em 51%. A Chanel, em 59%.
Agora que a poupança da pandemia já foi embora para muita gente, as vendas começaram a cair. A divisão de moda e couro da LVMH, dona da Dior, recuou 5% no 1º trimestre. Na Chanel, a queda foi de 4% em 2024.
E não dá pra voltar atrás: baixar preços pega mal no mundo do luxo. Agora, resta esperar que a inflação e os aumentos de salário façam o trabalho – e tornem os produtos menos inacessíveis para quem não está tão no topo da pirâmide assim.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
R$ 19 bilhões
É quanto o governo espera arrecadar com o decreto que aumenta o IOF – já levando em conta o recuo da semana passada, que manteve a isenção para fundos brasileiros que investem no exterior.
Ontem, Haddad disse que a Fazenda ainda não encontrou alternativas ao aumento do imposto. Segundo ele, caso o Congresso rejeite a medida, existe o risco de “shutdown” – quando o governo suspende serviços públicos por falta de dinheiro.
UMA FRASE
“Nosso objetivo é que a assinatura [do Acordo Mercosul-União Europeia] coincida com a reunião de cúpula do Mercosul, em dezembro.”
UM GRÁFICO

Os bancos centrais nunca compraram tanto ouro. Desde 2022, são mais de mil toneladas por ano em saldo líquido, ou seja, o tanto que as compras superam as vendas. É o dobro do que rolava na década passada. E o inverso do que acontecia na retrasada, quando as vendas eram maiores que as compras.
Cortesia da dívida pública dos EUA, que está em 120% do PIB, o maior patamar desde a Segunda Guerra Mundial.
Isso torna a compra de títulos públicos americanos menos atraente para a formação de reservas internacionais.
E tem a parte geopolítica. A China vem trocando dólares das reservas dela por ouro para diminuir laços financeiros com os EUA. Resultado: o metal amarelo opera num nível recorde: mais de R$ 600 o grama.
VALE PARAR PARA LER
🔁 O eterno retorno de Klein
Desde que sua família vendeu o controle das Casas Bahia, em 2009, Michel Klein se afastou e se reaproximou do negócio algumas vezes. Agora, ele vem com tudo. Está articulando nos bastidores um retorno à presidência do conselho em 2026. Neste ano, o empresário aproveitou a baixa das ações da Casas Bahia para aumentar sua fatia na empresa – e já é o maior acionista individual ali, com mais de 10% do capital.
OFF WORK
🏋️♀️ O hype da creatina
O Brasil abraçou a cultura fitness. O número de academias por aqui triplicou na última década – e, hoje, o setor movimenta R$ 8 bilhões por ano. Junto, cresceu a demanda por creatina, um suplemento que promete dar mais força e energia muscular para quem treina. Mas esse pó de pirlimpimpim não funciona pra todo mundo. Este teste ajuda a entender se ele faz sentido para você.
É isso. Boa sexta e bom final de semana!
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Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito