- O Essencial
- Posts
- Brasil, o país do CPF negativado
Brasil, o país do CPF negativado
🛢️ Trump e os magnatas do petróleo | 📱Os lançamentos da Apple
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Brasil, o país do CPF negativado
Quase metade da população brasileira com mais de 18 anos tem o nome sujo na praça. São 78 milhões de CPFs negativados. É o maior nível da série histórica do Serasa Experian. Além disso, 38% dos trabalhadores são informais. Para as instituições financeiras, então, oferecer crédito sob riscos aceitáveis não é uma tarefa trivial.
O jeito é buscar formas mais sofisticadas de detectar bons pagadores. Um deles é a geolocalização. Se o app vê que um cliente negativado viaja com frequência, por exemplo, pode entender que ele tem capacidade de pagar um empréstimo.
Não se trata de uma regra geral. Cada instituição tem suas ferramentas. E elas têm progredido no mundo todo. Nos EUA, por exemplo, já tem financeira que monitora a temperatura do celular.
Celular que esquenta demais pode ter sido invadido por algum vírus. Quem está mais aberto para esse tipo de invasão é quem visita sites duvidosos – um comportamento de risco para a vida financeira, portanto.
Mas o que vale mesmo para o score de crédito é pagar as contas em dia, claro. Uma conta atrasada vai reduzir a sua pontuação rapidinho. E pode levar um bom tempo para ela subir de novo. Como já disse Warren Buffett: você pode levar 37 anos para construir uma reputação, e 37 minutos para perdê-la.
Veja mais nesta reportagem de Sérgio Tauhata.
Hoje vamos falar sobre:
✈️ Azul: +120%
🛢️ Trump e os magnatas do petróleo
🏭 A concorrência do aço chinês
📱Os lançamentos da Apple
Gosta de O Essencial? Compartilhe e ganhe!
Se você indicar esta newsletter para 2 pessoas, ganha um ano de assinatura digital do The Wall Street Journal. Aproveite 😉
Você indicou 0 pessoa(s). Com mais 2 indicação(ões) você recebe sua assinatura.
Ou copie e cole sua URL para indicar: https://investnews.beehiiv.com/subscribe?ref=PLACEHOLDER.
HIGHLIGHTS
🏍️ Amazon compra fatia da Rappi
A Amazon comprou uma participação na colombiana Rappi, com um aporte inicial de US$ 25 milhões – uma quantia relativamente pequena para o poder de fogo da gigante americana. A ideia é usar a rede logística da Rappi para ganhar fôlego na disputa com o Mercado Livre na América Latina. No Brasil, a Rappi opera desde 2017 e tem 9% do mercado de delivery – contra 82% do iFood.
💰 Reestruturação no braço mexicano da Braskem
A Braskem informou que sua subsidiária no México, a Braskem Idesa, contratou o banco Lazard para ajudar a reestruturar as finanças. A companhia não detalhou qual operação está em estudo – pode ser desde um aumento de capital até a entrada de um novo sócio. Hoje, a unidade mexicana é uma das mais endividadas do grupo: deve cerca de US$ 2,1 bilhões, quase 30% da dívida total da Braskem.
✈️ Azul: +120%
Nos últimos cinco pregões, as ações da Azul dispararam 120%. Foi um efeito técnico: o short squeeze. Acontece que muita gente alugou os papéis apostando numa queda. Só que eles acabaram subindo. Aí, os investidores correram para recomprar as ações e limitar as perdas – o que empurrou o preço ainda mais para cima. Mesmo assim, no acumulado do ano os papéis ainda caem 58%, negociados perto de R$ 1,50.


Magnatas do petróleo apostaram alto em Trump. E estão tendo resultado
Grandes empresários do setor de petróleo e gás desembolsaram dezenas de milhões de dólares para eleger Trump no ano passado. Só Kelcy Warren, CEO da Energy Transfer, doou US$ 13 milhões durante a campanha. Depois da vitória, ainda mandou mais US$ 25 milhões para o MAGA – um comitê que banca ações políticas em apoio ao republicano.
O investimento já está se pagando. Desde de que voltou à Casa Branca, Trump tem implementado uma agenda pró-combustíveis fósseis, com direito até a slogan: “drill, baby, drill”.
Graças a novas regras tributárias aprovadas este ano, as petroleiras ConocoPhillips, EOG, Occidental Petroleum e Devon devem economizar juntas mais de US$ 1,2 bilhão em impostos em 2025. A britânica BP, que também atua nos EUA, disse que a benesse fiscal deve até compensar os custos extras com tarifaço.
Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
12,3 milhões de toneladas
Foi a quantidade de soja que a China importou em agosto – um recorde para o mês.
Tradicionalmente, o país reveza seus fornecedores conforme o calendário de safras: no começo do ano, no auge da colheita brasileira, compra daqui. No segundo semestre, época da colheita nos EUA, compra de lá.
Mas o tarifaço bagunçou essa dinâmica. Ainda sem um acordo comercial com os americanos, a China alongou o período de compras no Brasil.
Em agosto, o país da Muralha foi o destino de 85% de toda a nossa exportação de soja.
UMA FRASE
“A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas”
UM GRÁFICO

Em 2021, a China começou a sentir os primeiros efeitos da crise que perturba seu mercado imobiliário até hoje. Com a queda na demanda das construtoras locais, as siderúrgicas passaram a buscar clientes mundo afora, oferecendo preços mais em conta. E chegaram em peso ao Brasil: em quatro anos, as importações de aço triplicaram. Elas já respondem por 23% do nosso consumo interno.
A concorrência tem pesado para as siderúrgicas brasileiras. Segundo o Instituto Aço Brasil, a indústria opera hoje com apenas 66% da capacidade – e poderia produzir 17 milhões de toneladas a mais por ano, não fosse a fatia de mercado abocanhada pelos chineses.
Dados compilados pela Folha de S.Paulo mostram que as receitas de ArcelorMittal e Gerdau vêm caindo nesses últimos quatro anos. As duas já sinalizaram que devem adiar novos investimentos no país, diante da demanda fraca.
VALE PARAR PARA LER
📱 Os lançamentos da Apple
Hoje, a Apple apresentará ao mundo o iPhone 17, uma nova versão do Apple Watch e novidades no Vision Pro, seu óculos de realidade virtual. O problema é se faltar algo que os investidores já cobram há quase três anos: um produto de IA capaz de colocar a empresa de vez na corrida por essa tecnologia. Sem nada do tipo, ela ficou para trás no rali das big techs: os papéis recuam 3% no ano, a única queda do setor.
🏢 O boom do retrofit
Quem frequenta o centro de São Paulo já percebe: prédios comerciais antigos, antes abandonados, estão sendo relançados como residências. O movimento ganhou força a partir de 2021, quando a Câmara Municipal aprovou uma lei que concede benefícios fiscais a projetos de retrofit. Desde então, foram aprovados 21 empreendimentos, que somam quase 2 mil apartamentos. E mais 28 estão na fila.
É isso. Boa terça-feira!
Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito
Recebeu a newsletter de alguém?