Carne vegetal: o fim do hype

🇧🇷 Em julho, estrangeiros fugiram da B3 | 🍊 Novo CEO na Citrosuco

Alexandre Versignassi

Ouça a versão em áudio:

Carne vegetal: a luta para sobreviver ao fim do hype

A Beyond Meat é a maior empresa de carne vegetal do mundo. E a trajetória dela dá uma ideia do que aconteceu com esse mercado, o dos alimentos plant-based. As ações da empresa chegaram a valer US$ 234 no fim da década passada. Hoje, são só US$ 4.

  • A Impossible Foods, outra empresa ícone da proteína sem bicho, também puxou o freio: fez demissões e enxugou o portfólio.

  • O fato é que o mercado plant-based ainda cresce, mas num ritmo menor do que o mercado esperava: 4% no ano passado, contra dois dígitos no fim da década passada.

  • No Brasil, uma das pioneiras aí é a Fazenda Futuro. Rolaram boatos de que ela tinha encerrado as operações. Mas não.

Ela segue buscando mais mercado. Uma iniciativa recente ali foi o lançamento de um hambúrguer vegetariano em embalagem unitária. É um jeito de facilitar a venda para quem só quer experimentar, com ou sem hype.       

Hoje vamos falar sobre:

🚉 Próxima estação, Araraquara

🍊 Novo CEO na Citrosuco

🇧🇷 Em julho, estrangeiros fugiram da B3

🏦 A vez do crédito privado

HIGHLIGHTS

💼 Vinci Verde

A Vinci Compass (antiga Vinci Partners) negocia a compra da Verde, a gestora de Luis Stuhlberger. Segundo o Brazil Journal, a transação deve acontecer assim: inicialmente, as duas formarão uma joint venture. Depois de cinco anos, a Vinci assume o controle da Verde. Até lá, o time de Stuhlberger segue com autonomia na gestão. 

🍊 Novo CEO na Citrosuco

A Citrosuco, maior produtora de suco de laranja do Brasil, vai trocar de CEO. No dia 18 de agosto, Mario Bertoncini assume no lugar de Marcelo Abud. A mudança vem num momento delicado para a companhia, controlada pelos grupos Votorantim e Fischer: com uma tarifa americana de 50%, o setor perde seu principal mercado.

🚉 Próxima estação, Araraquara

A CRRC, gigante chinesa de infraestrutura ferroviária, vai instalar uma fábrica de trens em Araraquara (SP). O investimento inicial é de R$ 50 milhões, e a produção deve começar em 2026. A empresa já tem contrato para fornecer 44 trens ao Metrô de SP e é sócia do Trem Intercidades – que promete ligar São Paulo a Campinas em 64 minutos.

🇺🇾 BTG no Uruguai

O BTG agora está no Uruguai. Ontem, anunciou a aquisição das operações do HSBC no país por US$ 175 milhões. Por lá, o banco vai operar nas áreas de crédito, investimentos e gestão de fortunas. O banco brasileiro já atua no Chile, na Colômbia, no México, no Peru e na Argentina.

Como descobrir golpistas norte-coreanos infiltrados nos EUA: veja se a pessoa gosta de Minions

Já há alguns anos, o FBI investiga um esquema de fraude envolvendo profissionais norte‑coreanos em empresas de tecnologia dos EUA. Funciona assim: eles se passam por americanos para conseguir vagas de trabalho remoto, geralmente usando softwares que alteram imagem e voz para enganar os recrutadores.

  • Ao serem contratados, eles recebem um notebook com acessos corporativos – e acessam tudo remotamente, via VPN. O IP parece americano, mas o usuário está na Coreia do Norte.

  • Bem, o FBI notou um padrão curioso entre os infiltrados: muitos deles são fãs de Meu Malvado Favorito – a franquia dos Minions. Eles usam referências aos personagens dos filmes em redes sociais e e-mails, o que acabou virando uma pista para rastreá-los.

  • Uma investigação revelou que, em maio de 2024, um engenheiro norte-coreano passou 90 minutos do expediente pesquisando sobre Vector Perkins – o vilão do primeiro filme. Detalhe: o funcionário usava o pseudônimo Kevin, em homenagem a um dos Minions.

Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.

UM NÚMERO

R$ 837 milhões

Foi quanto a São Carlos Empreendimentos embolsou com a venda de oito prédios comerciais em São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro.

  • Faz parte da nova estratégia da companhia: deixar de competir com fundos imobiliários e se tornar parceira deles. A ideia é enxugar o próprio portfólio – e começar a atuar como consultora dos fundos, gerando receita com a gestão dos imóveis.

  • A empresa é controlada pelo pelo trio de bilionários Lemann, Telles e Sicupira. No fim de junho, ela já tinha vendido outro pacote de imóveis por R$ 308 milhões

UMA FRASE

“Eu acho que não [é possível adiar as tarifas]. O que a gente está fazendo é a diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam.”

Jaques Wagner, líder do governo no Senado. Ele está em Washington com uma comitiva de oito senadores para tentar mobilizar empresários e autoridades americanas contra as tarifas sobre o Brasil. O relógio está correndo: se nada acontecer, o tarifaço entra em vigor nesta sexta-feira.

UM GRÁFICO

O P/L médio da bolsa americana está em 26. Ou seja, o preço (P) das ações, na média, equivale a 26 anos do lucro (L) das empresas ali. É muito. A média dos últimos 20 anos foi de 16. Isso mostra que os papéis estão sobrevalorizados. Natural: entre 2023 e 2024, a alta ali foi de 50%. 

  • Nessa, alguns investidores embolsaram os lucros e foram atrás de oportunidades em outros lugares. Entre eles, o Brasil. Isso ajudou a levantar a bolsa e a derrubar o dólar ao longo do ano. 

  • Mas aí veio a tarifa-Trump. Com a ameaça da taxação de 50%, anunciada em 9 de julho, os investidores estrangeiros já retiraram R$ 5 bilhões da bolsa brasileira neste mês. 

E se julho fechar assim, vai ser o pior mês desde abril do ano passado.  

VALE PARAR PARA LER

🏦 A vez do crédito privado

Com o déficit fiscal dos EUA crescendo mais e mais, gestores de fundos começam a trocar títulos públicos de lá por crédito privado. Se essa tendência continuar, vai colocar em xeque o princípio mais sagrado do mercado: a ideia de que Treasuries são o ativo mais seguro do planeta.

É isso. Boa terça-feira!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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