O Brasil na corrida do cobre

💎 Mudança no conselho da Vivara | 💼 A importância de um BC independente

Alexandre Versignassi

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Os Estados Unidos deram início à corrida do cobre. E o Brasil pode correr por fora

Neste mês, Donald Trump anunciou tarifas de 50% sobre as importações de cobre, numa tentativa de nacionalizar a produção e reduzir a dependência da China.

  • O anúncio já desengavetou novos projetos por lá. A Ivanhoe Electric, por exemplo, divulgou planos de investir US$ 1,2 bilhão na construção de uma mina no Arizona. As obras começam em 2026 e a produção, em 2028. Trata-se de uma inauguração-relâmpago: no mundo, o tempo médio para desenvolver uma mina de cobre vai de 16 a 34 anos.

  • Esta é uma corrida americana. Mas o Brasil pode (e talvez deva) correr junto. A produção brasileira se concentra no Pará, onde a Vale opera as minas de Sossego e Salobo. Hoje, o país responde por menos de 1% das exportações globais de cobre refinado, mas carrega um trunfo: já sabe operar nesse setor.

Na era do tarifaço, o caminho para conquistar o mercado americano talvez seja ceder a Trump: investir em minas e refinarias diretamente nos EUA. É o que defende Gilberto Cardoso, CEO da consultoria Terraco Commodities, que diz: “para as empresas brasileiras, é uma chance de levar seu conhecimento e investimentos para os EUA”. 

Hoje vamos falar sobre:

💎 Mudança no conselho da Vivara

💼 A importância de um BC independente 

⚒️ Os planos da Aura Minerals após chegar à Nasdaq

🥊 Rinha de petroleiras

HIGHLIGHTS

💎 Mudança no conselho da Vivara

O fundador da Vivara, Nelson Kaufman, vai deixar a presidência do conselho por problemas de saúde – mas continuará como um acionista importante, com 27,6% da joalheria na pessoa física e mais 5,7% via empresa da família. Sua filha, Marina Kaufman, vai assumir a cadeira. 

🩺 Rede D’Or e Fleury negociam fusão

O grupo hospitalar Rede D’Or está negociando uma possível fusão com a empresa de diagnósticos médicos Fleury. Segundo o jornal O Globo, as conversas estão acontecendo entre a Rede D’Or e o Bradesco – maior acionista do Fleury, com 23% das ações. 

🛢️ Prio avança em Wahoo 

A Prio conseguiu uma licença prévia do Ibama para construir um novo duto no pré-sal. Ele vai ligar os poços do campo de Wahoo ao navio onde o petróleo será processado e armazenado. A produção em Wahoo está prevista para começar em março de 2026, e deve adicionar 40 mil barris por dia à produção atual da Prio – hoje em 115 mil barris/dia.

UMA IMAGEM

No mês passado, a China bateu o recorde de importação de soja para um mês de junho: foram 12,26 milhões de toneladas. E quase 87% desse total saiu do Brasil – 10,62 milhões de toneladas. Na foto: Sementes de soja na região de Londrina, no Paraná.

Os riscos globais que acompanham o fim de um Fed independente

Por definição, bancos centrais existem para manter a economia estável. Quando o BC pertence à maior economia do mundo, então, a responsabilidade é redobrada.

  • Historicamente, o Federal Reserve ajudou outros países a evitar crises financeiras. Uma das ferramentas é a das linhas de swap: o Fed empresta dólares a outros bancos centrais, que repassam o dinheiro aos seus bancos locais quando falta liquidez.

  • Aconteceu com o México em 1982, por exemplo. Na época, o país avisou que não conseguiria pagar a dívida externa. O Fed, então, abriu uma linha de swap em dólares para o vizinho honrar os vencimentos – e evitar um calote que afetaria bancos americanos.

  • Eis mais um motivo para defender a independência dos bancos centrais: garantir que o sistema financeiro siga funcionando sem solavancos exige uma instituição livre dos nteresses políticos locais.

Leia mais nesta reportagem do Wall Street Journal, em português.

UM NÚMERO

R$ 20 bilhões

Deve ser o crédito disponível para a construção em 2025 – uma queda de 60% na comparação com o ano passado, segundo Câmara Brasileira da Indústria da Construção.

É que o financiador tradicional do setor é o sistema de poupança. E ele está secando. A caderneta acumula resgates de mais de R$ 200 bilhões nos últimos quatro anos – e, só em maio de 2025, perdeu mais de R$ 10,3 bilhões.

UMA FRASE

“Não tínhamos volume para atrair os grandes fundos estrangeiros. Aumentar a liquidez, então, era algo que planejávamos há alguns anos.”

Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals, em entrevista ao InvestNews. Na semana passada, a mineradora de ouro e cobre abriu capital na Nasdaq, em Nova York. Foi o primeiro passo para sair da Bolsa de Toronto e focar no mercado americano – onde busca mais investidores e maior liquidez. A meta: dobrar de tamanho e deixar de ser vista como uma mineradora pequena.

VALE PARAR PARA LER

🥊 Rinha de petroleiras

Na sexta, a Chevron venceu uma disputa jurídica e poderá comprar a rival Hess por US$ 53 bilhões. A briga durou quase dois anos, e foi assim: a Hess é dona de parte de um campo gigante de petróleo na Guiana. A Exxon – dona da maior fatia – tentou barrar a fusão para impedir que a Chevron ganhasse acesso ao projeto.

🎨 O pior investimento do ano

Estudos indicam que os preços de obras de arte costumam acompanhar o mercado de ações – e são uma boa proteção contra a inflação. Mas, recentemente, este virou um mau negócio. O custo de financiar uma coleção disparou, a liquidez das pinturas diminuiu e o gosto dos compradores mais jovens mudou. Resultado: a venda de obras acima de US$ 10 milhões despencou 44% em 2024 – e segue em queda.

É isso. Boa semana!

Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito

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