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Biometano 'on fire'
🌱 O salto no lucro da SLC | 💄Natura enxuga a Avon
Alexandre Versignassi
Ouça a versão em áudio:
Biometano 'on fire': as iniciativas da Comgás e da Orizon que agitam o mercado do gás verde
Era uma casa muito engraçada: a lata de lixo produzia o gás do fogão. Isso existe: 15% do gás encanado do Ceará, por exemplo, já vem do biometano. É uma molécula idêntica à do gás natural (metano puro), só que vem do lixo. Dá para produzir nos aterros sanitários. E isso vai ficar cada vez mais comum.
Porque o biometano está passando por um boom. Uma lei nova exige que, a partir do ano que vem, pelo menos 1% do gás de cada distribuidora seja biometano; chegando até 10% em 2035.
Isso está movimentando o mercado. A Orizon, uma operadora de aterros, vai quadruplicar a produção de biometano. E a Comgás, que distribui em São Paulo, está atrás de mais produtores para cumprir a cota dela nos próximos anos.
O problema do biometano é o preço, até 40% maior que o do gás natural. Mas a expectativa é que o ganho de escala torne a versão “bio” até mais barata que a versão fóssil. A ver.
Hoje vamos falar sobre:
🌱 O salto no lucro da SLC Agrícola
💄 Natura enxuga a Avon
⛽ Petrobras sem transição energética
🪙 O império cripto de Trump
HIGHLIGHTS
🌱 SLC colhe lucro 123% maior
A SLC Agrícola lucrou R$ 510,7 milhões no 1º trimestre – alta anual de 123%. As vendas de soja da companhia cresceram 35,3% na safra 2024/2025, para R$ 1,26 bilhão. Na safra anterior, a produção da commodity sofreu com chuvas irregulares e temperaturas mais altas que o normal no Centro-Oeste.
💄 Natura ajusta a fórmula na Avon
A Natura vai demitir 1.100 funcionários do braço internacional da Avon ao longo deste ano — 25% do total. Desde o ano passado, a empresa já vinha tentando enxugar essa área do negócio, inclusive tentando vender a parte da Avon que atua fora da América Latina.
🌇 O lucro recorde da Cury
A Cury lucrou R$ 213,5 milhões no 1º tri, alta anual de 51,2%. Foi o melhor resultado da história da construtora – que, até agora, tinha 70% das vendas enquadradas no Minha Casa Minha Vida. Com a nova faixa 4, anunciada em abril, 95% dos clientes da empresa passarão a se enquadrar no programa.
UMA IMAGEM

Estes são os CEOs Tareq Amin, da startup saudita de IA Humain, e Jensen Huang, da Nvidia, em um fórum de investimentos na Arábia Saudita ontem. A Nvidia anunciou um acordo de fornecimento com a Humain. O primeiro lote consiste em 18 mil de seus chips Blackwell, os mais avançados. Só essa venda rendeu meio bilhão de dólares à Nvidia. Foto: Reuters
O MELHOR DO INVESTNEWS
Na Petrobras, transição energética fica para depois
Tic-tac, tic-tac. O relógio não para de correr: em menos de três anos, a extração de petróleo no pré-sal deve começar a cair. A companhia precisa de uma solução, já que esse ativo é responsável por 80% do petróleo que ela extrai.
Por isso, a petroleira já está de olho em sua próxima mina de ouro negro: a Margem Equatorial, faixa de 2.200 km entre o Rio Grande do Norte e o Amapá, e que tem rendido embates entre a Petrobras e o Ibama.
Preocupação ambiental não tem mesmo entrado na lista de prioridades da estatal recentemente. O discurso da transição energética tem ficado em segundo plano, e os investimentos na área, também.
Tipo: no 1º trimestre, quase 90% do total investido pela empresa foi destinado à exploração e produção de petróleo. Enquanto isso, projetos de gás e “energias de baixo carbono” – como eólica e solar – receberam meros US$ 55 milhões, 60 vezes menos.
Leia mais nesta reportagem de Sérgio Tauhata.

O império cripto da família Trump

Donald Trump lançou uma criptomoeda dele mesmo alguns dias antes de sua posse, a $TRUMP. Na ocasião, ele disse que a ideia era “se divertir”. Hoje, a suposta brincadeira já rendeu US$ 300 milhões para a família Trump – já que, a cada transação, uma fatia do valor vai para os criadores da moeda.
Dos 25 maiores detentores da cripto, só seis compraram por meio de corretoras americanas. Os demais usaram plataformas estrangeiras, proibidas para clientes de lá. Ou seja: a maior parte dos compradores da cripto está no exterior.
Na prática, tudo dentro dos conformes: estrangeiros são proibidos de financiar diretamente campanhas políticas nos EUA, mas podem investir em empresas ligadas aos políticos.
Mas um editorial do Wall Street Journal argumenta que isso coloca Trump numa zona cinzenta da ética presidencial – com o risco de que esses investidores estejam, na prática, tentando comprar sua boa vontade política. Como disse o WSJ: Trump talvez esteja voando perto demais do Sol.
Leia mais neste editorial do Wall Street Journal, em português.
UM NÚMERO
6 mil
foi a quantidade de pessoas demitidas da Microsoft ontem. É a maior leva desde 2023, quando 10 mil funcionários perderam o emprego por lá.
Um dos objetivos do layoff foi eliminar cargos de liderança. Trata-se de uma tendência entre os gigantes da tecnologia. A lógica é enxugar a hierarquia para que as equipes respondam direto às chefias mais altas, num organograma mais ágil, menos burocrático.
UMA FRASE
“[A instabilidade criada pela guerra tarifária] não acabou – vai durar no mínimo dois, provavelmente quatro anos”
UM GRÁFICO

Haja energia. O consumo global dos data centers deve fechar 2025 em pouco mais de 500 terawatt-hora. E português menos hermético: isso é o mesmo tanto que o Brasil inteiro demanda. Para 2035, a Agência Internacional de Energia prevê quase 1.400 TWh. É o equivalente a 100 usinas de Itaipu. Basicamente tudo para alimentar inteligência artificial.
VALE PARAR PARA LER
🚘 Elétricos em horário nobre
A BYD já é a maior anunciante do setor automotivo na TV brasileira. Entre janeiro e abril, ela gastou R$ 32 milhões em comerciais por aqui – 10% mais do que a Volkswagen. O grande investimento da empresa no Brasil é outro, claro: colocar para funcionar neste ano a fábrica em Camaçari, na Bahia, que já foi a casa da Ford. A previsão aí é um desembolso de R$ 5,5 bilhões.
É isso. Até amanhã!
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Curadoria e textos: Camila Barros
Edição: Alexandre Versignassi
Design: João Brito