• O Essencial
  • Posts
  • De Henry Ford a Elon Musk: os perigos de tentar formar um império automobilístico global

De Henry Ford a Elon Musk: os perigos de tentar formar um império automobilístico global

Os problemas de reputação da Tesla e a queda nas vendas da Stellantis são os exemplos mais recentes dos obstáculos enfrentados por fabricantes de automóveis transnacionais

Bom dia, você vai ler hoje:

🚘 De Henry Ford a Elon Musk
🍔 JBS aproveita mudança de rota na Unilever

Os perigos de tentar formar um império automobilístico global

Carregadores Tesla em estacionamento ao ar livre, com carro azul elétrico ao lado

Foto: Liesa Johannssen/Bloomberg

Ao transformar carros elétricos em bens de consumo desejados, a Tesla inaugurou uma nova era no mercado global de automóveis. E em muitos aspectos o negócio de Elon Musk se assemelha ao de Henry Ford, de um século atrás: poucos e bons modelos, vendidos e fabricados à imagem e semelhança uns dos outros em vários países. 

Mas há pedras nesse caminho:

  • O protecionismo cada vez mais em alta favorece montadoras em seus mercados nativos, em detrimento das que vêm de fora – caso da China, onde a Tesla perde terreno para as locais;

  • A adoção global de carros elétricos tem sido mais heterogênea do que o esperado. Agora que praticamente todas as marcas têm seus carros movidos a elétrons, o maior diferencial da Tesla acabou. 

  • Montadoras como a BYD lançam um novo modelo atrás do outro,  praticamente jogando a rede no mercado, enquanto a Tesla não apresenta um novo há cinco anos (fora o monstruoso Cybertruck, um veículo de nicho).  

  • O que está funcionando são as soluções “regionais”. Toyota e Volkswagen, por exemplo, apostam em modelos locais, reconhecendo que não é possível agradar todos os mercados com o mesmo produto.

Um grande exemplo disso é o novo lançamento da Volkswagen no Brasil: o Tera. Trata-se de um pequeno SUV projetado aqui, com a intenção de agradar o público daqui. O objetivo da montadora alemã com fábrica em São Bernardo do Campo (SP) é replicar o sucesso histórico do Gol – outro projeto nacional.   

Leia mais sobre o momento do mercado automotivo global nesta reportagem do WSJ (em português).

Unilever acelera vendas de marcas de alimentos; JBS aproveita para avançar no plant-based

Hambúrguer plant-based, queijo derretido, coleslaw crocante e pimenta vermelha, servido sobre tábua de madeira rústica

Foto: Divulgação

Já falamos por aqui que a Unilever planeja enxugar seu portfólio depois de perder espaço para rival Procter & Gamble (P&G). A ideia da multinacional europeia é se livrar de marcas de alimentos menos lucrativas e fazer como a Procter: concentrar-se em higiene e cuidados pessoais. E a JBS foi rápida em aproveitar a janela de oportunidade.

  • Na sexta-feira (21), a companhia dos Batista anunciou a compra da marca holandesa The Vegetarian Butcher;

  • No total, a Unilever identificou € 1,5 bilhão em marcas de alimentos que "não se encaixam bem" em seu portfólio atual.

O acordo, que não teve seus valores divulgados, ainda precisa de aprovação regulatória, mas amplia a presença da JBS no mercado de "carne vegetal", que já inclui:

  • a Planterra, nos EUA;

  • a linha Incrível da Seara, no Brasil

  • e a Vivera, também europeia, comprada em 2021 por € 341 milhões, e que agora incorpora a The Vegetarian Butcher.

Ou seja, enquanto a Unilever tenta simplificar a operação e focar em áreas com margens mais altas, a JBS aproveita o momento para consolidar sua posição no setor da carne que dispensa bois.

Edição: Ana Carolina Moreno